Dólar devolve parte do ganho recente enquanto mercado avalia decisão de Dino

Publicado 20.08.2025, 17:08
Atualizado 20.08.2025, 17:30
© Reuters.

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuou ante o real nesta quarta-feira, devolvendo parte do forte ganho da véspera, quando o mercado reagiu negativamente a uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), com implicações para o impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,49%, a R$5,4728.

Às 17h15, na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,53%, a R$5,486 na venda.

Os movimentos do real nesta sessão tiveram como base ajustes realizados por agentes financeiros depois da enorme aversão ao risco demonstrada na terça-feira, que fez a divisa dos EUA saltar mais de 1% frente à moeda brasileira, cravando o maior patamar em duas semanas, a R$5,50.

Os receios do mercado partiram de uma decisão de Dino na segunda que determinou que cidadãos brasileiros não podem ser afetados em território nacional por leis estrangeiras relacionadas a atos cometidos no Brasil.

A decisão de Dino não dizia respeito diretamente à disputa recente entre Brasil e EUA, mas, na prática, indicou que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, não pode sofrer as consequências da imposição por Washington de sanções econômicas com base na Lei Magnitsky.

A reação dos investidores no pregão anterior foi negativa, diante da percepção de que a decisão de Dino dificultava as tentativas do governo brasileiro de negociar a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos do país.

Os agentes também passaram a temer que uma resposta norte-americana à decisão possa afetar a operação de instituições financeiras brasileiras que descumpram as sanções dos EUA a fim de evitar uma potencial reação do STF.

"O mercado sempre tenta se antecipar ao futuro, então uma única notícia pode gerar um movimento muito forte. Hoje já vejo mais um arrefecimento, com retorno de fluxo, mas não no mesmo patamar", afirmou Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.

Sobre o assunto, investidores ainda avaliaram comentários de Moraes em entrevista exclusiva à Reuters, em que confirmou que tribunais brasileiros podem punir instituições financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas.

Já no cenário externo, as divisas emergentes receberam um impulso vindo dos preços mais altos do petróleo, produto importante da pauta exportadora de muitos desses países, conforme os mercados reagem à perspectiva de uma resolução para a guerra na Ucrânia.

Os investidores também exibiram cautela antes de um aguardado discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira, no simpósio econômico de Jackson Hole, evento promovido pelo banco central dos EUA.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,05%, a 98,272.

Na mínima do dia, o dólar alcançou R$5,4627 (-0,68%), às 14h. Na máxima, a moeda chegou a R$5,5043 (+0,08%), logo após a abertura.

Pela manhã, o Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025.

Mais tarde, a autarquia informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de US$149 milhões em agosto até o dia 15.

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