Dólar desaba após pacote de tarifas de Trump e fecha na menor cotação do ano

Publicado 03.04.2025, 17:18
Atualizado 03.04.2025, 18:05
© Reuters. Trump se encaminha para anunciar tarifaço na Casa Brancan02/04/2025nREUTERS/Carlos Barria

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a quinta-feira com forte baixa ante o real, superior a 1%, na menor cotação de 2025, acompanhando o recuo generalizado da moeda norte-americana no exterior, após as tarifas de importação anunciadas pelo governo Trump na véspera elevarem os temores de uma recessão nos EUA.

O dólar à vista fechou em baixa de 1,18%, aos R$5,6290 -- menor cotação de fechamento desde 16 de outubro do ano passado, quando encerrou em R$5,6226. No ano a divisa acumula queda de 8,90% ante o real.

Às 17h32 na B3 (BVMF:B3SA3) o dólar para abril -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 1,08%, aos R$5,6580.

A quinta-feira foi marcada por forte aversão ao dólar – tanto em relação a outras moedas fortes, como o iene e o euro, quanto em relação a divisas de países exportadores de commodities e emergentes, como o real, o peso mexicano e o peso chileno.

Por trás do movimento estava a percepção de que as tarifas recíprocas anunciadas na véspera pelo presidente dos EUA, Donald Trump, serão prejudiciais para a própria economia norte-americana, que poderá até entrar em recessão. Um cenário deste abriria espaço para o Federal Reserve cortar mais os juros nos EUA, o que no limite pesaria sobre as cotações da moeda norte-americana.

No fim da tarde de quarta-feira Trump anunciou uma tarifa básica de 10% a ser aplicada sobre todas as importações dos EUA, além de taxas mais altas para alguns dos principais parceiros comerciais do país. A taxa para o Brasil é de 10%, enquanto a China ficou com 34%, a Coreia do Sul com 25%, o Japão com 24% e a União Europeia com 20%, entre outros.

“Trump soltou o tarifaço ontem depois das 17h, e o mercado estava quase todo encerrando. Hoje (quinta-feira) começamos com o dólar perdendo valor ante as demais moedas, então obviamente também perdeu valor em relação ao real”, afirmou João Oliveira, head da Mesa de Operações do Banco Moneycorp.

No mercado, existe ainda a avaliação de que o Brasil pode até mesmo ser beneficiado pela guerra de tarifas, podendo passar a vender mais para economias como a China e a União Europeia. Um dos principais produtos de exportação do Brasil, a soja viu seus prêmios dispararem nos portos brasileiros nesta quinta-feira, como informou a Reuters.

Durante evento nesta quinta-feira, o presidente da gestora Verde Asset, Luis Stuhlberger, avaliou que o pacote de tarifas de Trump foi de fato positivo para o país.

“O Brasil saiu muito beneficiado dessa história", disse. "Resta saber se o Brasil vai saber aproveitar essa oportunidade", acrescentou o gestor da Verde, que tem R$17 bilhões em ativos sob gestão.

Neste ambiente, a moeda norte-americana se manteve em baixa firme ante o real durante toda a sessão. Após marcar a cotação máxima de R$5,6462 (-0,88%) às 9h13, pouco depois da abertura, o dólar despencou para a mínima de R$5,5939 (-1,80%) às 11h43.

“A preocupação com a recessão nos EUA levou os investidores a buscarem ativos mais atrativos. Este fluxo acabou fortalecendo o real e outras moedas de países emergentes”, comentou Cristiane Quartaroli economista chefe do Ouribank.

“Muito embora, eu acredite que as incertezas fiscais ainda limitam um pouco esta queda que vemos hoje, se formos pensar em um comportamento mais de médio e longo prazo para o dólar”, acrescentou.

No exterior, às 17h30 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes -- caía 1,05%, a 102,080.

Pela manhã, o Banco Central vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2025.

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