Dólar abandona perdas e fecha em alta ante real com Powell e riscos locais em foco

Publicado 22.06.2022, 17:08
Atualizado 22.06.2022, 17:35
© Reuters. Notas de dólares
14/02/2022
REUTERS/Dado Ruvic

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reverteu perdas de mais cedo e fechou em alta frente ao real nesta quarta-feira, acompanhando piora nos mercados internacionais conforme investidores digeriam comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, enquanto riscos domésticos seguiram no radar.

A divisa norte-americana à vista subiu 0,50%, a 5,1791 reais na venda, depois de ter chegado a cair 0,50%, a 5,1274 reais, em certo ponto das negociações.

Na B3 (SA:B3SA3), às 17:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,92%, a 5,1915 reais.

O fortalecimento do dólar no mercado doméstico ante os menores patamares do pregão acompanhou uma melhora no desempenho do índice da divisa norte-americana contra uma cesta de rivais fortes, que, embora ainda estivesse em queda nesta tarde, estava bem acima das mínimas intradiárias.

A divisa norte-americana também acompanhou uma piora em Wall Street, cujos principais índices abandonaram ganhos acentuados de mais cedo para fechar praticamente estáveis nesta terça-feira. (NPT)

O foco do dia esteve em comentários de Powell ao Congresso dos EUA, em que ele afirmou que o Federal Reserve está "fortemente comprometido" em reduzir a inflação --a mais intensa em 40 anos-- e reconheceu os riscos que juros mais altos podem representar para a atividade da maior economia do mundo.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que os comentários de Powell não têm grande relevância para o curto prazo, já que a autoridade não deu indicações explícitas sobre qual será a magnitude dos próximos aumentos de juros pelo Fed.

No longo prazo, no entanto, "Powell está deixando muito evidente que vai priorizar o combate à inflação mesmo que isso leve a economia americana, eventualmente, para uma recessão", afirmou o especialista, o que indica uma trajetória intensa de elevação dos juros.

Quanto mais altos os custos dos empréstimos nos EUA, mais atraente tende a ficar o dólar para investidores que buscam, ao mesmo tempo, rentabilidade e segurança. Os juros norte-americanos já foram elevados em 1,5 ponto percentual desde março deste ano.

No cenário doméstico, alguns participantes do mercado apontaram o noticiário envolvendo a Petrobras (SA:PETR4) e riscos fiscais como fator de amparo para o dólar, que costuma atrair compradores em momentos de maior incerteza.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que o futuro presidente da estatal Caio Mário Paes de Andrade deverá trocar toda a diretoria da empresa quando assumir o posto, e que o conselho de administração da petroleira poderá alterar a política de preços que prevê a paridade com a cotação internacional do petróleo.

Enquanto isso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta semana que o governo sinalizou estar disposto a ampliar o auxílio gás ou até mesmo criar um "voucher" a caminhoneiros, medidas que poderiam piorar a percepção de investidores sobre a saúde das contas públicas.

Apesar desse contexto, o Bank of America (NYSE:BAC) disse em relatório que espera que o real, assim como o peso mexicano, continue tendo uma performance superior quando comparado a outros pares de mercados emergentes, devido ao alto patamar dos juros brasileiros, que eleva o retorno ("carry", em inglês") da moeda doméstica. A taxa Selic está em 13,25% atualmente.

No entanto, "devemos começar a observar alguma volatilidade (no mercado de câmbio brasileiro) à medida que as eleições de outubro se aproximam", disse o BofA.

O dólar acumula queda de 7% contra o real até agora em 2022.

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