Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central entrou com força no mercado cambial e fez o dólar anular a queda vista no início dos negócios desta segunda-feira, passando a subir cerca de 2 por cento e encostar em 3,60 reais, no dia seguinte à aprovação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Segundo operadores, o movimento também vinha com realização de lucros, após as quedas nas últimas semanas sob a expectativa da votação do afastamento.
Às 10:21, o dólar avançava 2,06 por cento, a 3,5967 reais na venda. O dólar futuro também avançava cerca de 2 por cento.
"O BC está usando a oportunidade para acelerar bastante a redução do seu passivo", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
O BC anunciou e vendeu nesta manhã 68.840 swaps reversos da oferta de até 80 mil contratos, equivalentes a compra futura de dólares. A autoridade monetária vem atuando pesadamente por meio desses instrumentos nas últimas semanas, reduzindo rapidamente o estoque de swaps tradicionais, que equivalem a venda futura de dólares.
O dólar chegou a recuar 1,48 por cento, a 3,4719 reais, imediatamente após a abertura dos negócios, mas a queda foi perdendo força ao longo da primeira hora do pregão.
Na noite passada, a Câmara dos Deputados aprovou por 367 votos a continuidade do processo de impeachment, superando com alguma margem os 342 necessários. Agora, a matéria precisa ser aprovada no Senado, que deverá assegurar que o vi-presidente Michel Temer assuma o comando do país pelo menos interinamente.
A perspectiva de que uma troca de governo poderia trazer de volta a confiança na economia brasileira já havia derrubado o dólar nos últimos meses, acumulando baixa de 10,74 por cento neste ano até sexta-feira.
"Agora que o fato se concretizou, muita gente aproveita para zerar essas vendas das últimas semanas", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
Profissionais do mercado financeiro já haviam afirmado à Reuters que a euforia inicial após a decisão da Câmara poderia ceder o lugar para cautela em pouco tempo, conforme o foco passa aos nomes que formariam a equipe econômica de eventual governo Temer.