Investing.com – O dólar atingiu novas máximas nesta quarta-feira, 23, diante do aumento da incerteza sobre as taxas de juros nos EUA e as eleições presidenciais que se aproximam, o que acabou sustentando a demanda pela moeda, considerada um porto seguro.
Às 8:40 de Brasília, o índice DXY, que acompanha o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis outras divisas, registrava alta de 0,35%, alcançando 104,267, próximo de uma máxima de quase três meses.
O dólar subiu para seu maior patamar desde o início de agosto, com dados econômicos relativamente saudáveis reduzindo as expectativas de cortes agressivos nas taxas de juros por parte do Federal Reserve.
Os traders precificavam uma chance de 85,9% de um corte de 25 pontos-base em novembro, contra 14,1% de probabilidade de que as taxas permaneçam inalteradas, de acordo com o CME Fedwatch.
Essa mudança de expectativa fez com que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA disparassem, com o rendimento dos títulos de 10 anos atingindo uma máxima de três meses nesta semana, reforçando a perspectiva de taxas mais altas.
Outro fator de suporte ao dólar tem sido o aumento das expectativas de que o candidato republicano Donald Trump possa vencer as eleições presidenciais dos EUA no início do próximo mês, já que suas políticas protecionistas são vistas como favoráveis à moeda norte-americana.
"Os principais fatores do mercado continuam a sustentar o dólar. Podemos observar uma perda de força hoje, mas o equilíbrio dos riscos permanece inclinado para o lado positivo até a eleição nos EUA", afirmaram analistas do ING em nota.
Na Europa, o euro recuava 0,19%, para 1,0776, enfraquecido devido ao aumento das expectativas de que o Banco Central Europeu poderá ser mais agressivo em seus cortes de juros, considerando a perspectiva incerta de crescimento econômico.
O BCE já reduziu as taxas três vezes este ano a partir de um patamar recorde, e o mercado projeta mais flexibilização em cada uma de suas próximas reuniões até o próximo ano.
Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional afirmou que a economia da Alemanha, a maior da Europa, deverá estagnar este ano, reduzindo sua projeção anterior de 0,2% de crescimento.
Além disso, a inflação na zona do euro está desacelerando e pode voltar ao patamar de 2% mais rápido do que o esperado, afirmou a presidente do BCE, Christine Lagarde, na terça-feira, reforçando a justificativa para novos cortes.
A libra se desvalorizava 0,13%, para 1,2965, antes de um discurso do presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, mais tarde no dia, que pode oferecer mais pistas sobre a política monetária.
Bailey havia mencionado anteriormente neste mês que o banco central poderia agir de forma mais assertiva para cortar as taxas de juros caso as pressões inflacionárias continuem a diminuir.
Desde então, a inflação do Reino Unido caiu para 1,7% em termos anuais, sendo a primeira vez que o índice ficou abaixo da meta de 2% do Banco da Inglaterra desde abril de 2021.
"O câmbio ainda pode cair para 1,28 até o fim do mês", acrescentou o ING.
O iene subia 1,25%, para 152,95, ultrapassando o nível de 152 pela primeira vez desde 31 de julho, com pesquisas recentes de opinião indicando que o Partido Liberal Democrata, no poder, pode perder sua maioria com o parceiro de coalizão Komeito nas eleições gerais deste fim de semana.
O risco de um governo de coalizão minoritária aumentou a possibilidade de instabilidade política, complicando os esforços do Banco do Japão de reduzir a dependência dos estímulos monetários.
O BOJ também se reunirá na próxima semana, mas não deve elevar as taxas. Antes disso, o índice de inflação ao consumidor de Tóquio será divulgado nesta sexta-feira.
O iuane subia 0,1%, para 7,1265, com o foco voltado para a próxima reunião do Congresso Nacional do Povo da China, em busca de mais sinais sobre os gastos fiscais.
Já o dólar canadense avançava 0,1%, para 1,3824, antes da última reunião de política monetária do Banco do Canadá.
"Os mercados estão precificando 45 pontos-base de flexibilização pelo Banco do Canadá hoje. O raciocínio é que a inflação agora desacelerou abaixo da meta e a fraca perspectiva de crescimento justifica um movimento mais rápido de 50 pontos-base para taxas neutras", afirmou o ING. "É uma decisão muito disputada, mas acreditamos que 25 pontos-base permanece ligeiramente mais provável."