Dólar cai para R$3,9757 e termina semana volátil com alta de 0,44%

Publicado 25.09.2015, 17:40
© Reuters. Nota de um dólar junto a notas de dois reais, em São Paulo

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda nesta sexta-feira, permanecendo abaixo de 4 reais, e terminou uma semana marcada por extrema volatilidade apenas em leve alta, com a atuação do Banco Central interrompendo uma onda de pânico que assolou o mercado, mas ainda em meio a um quadro local difícil.

O dólar recuou 0,39 por cento, a 3,9757 reais na venda, acumulando avanço de 0,44 por cento na semana, após ter atingido máximas históricas nos últimos dias.

Na véspera, o dólar havia caído 3,73 por cento, a maior queda diária desde o fim de 2008, após ter atingido 4,1461 reais na quarta-feira, máxima histórica.

O contrato de dólar para outubro, que havia ampliado ainda mais as perdas após o fechamento do mercado à vista na véspera, subiu 0,85 por cento nesta sessão.

"O mercado está mais tranquilo, mas não dá para agir como se o pior tivesse ficado para trás. Houve exageros, eles foram corrigidos e agora a política e a economia voltam ao centro das discussões", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

O BC realizou nesta sessão leilão de venda com compromisso de recompra de até 1 bilhão de dólares, operação conhecida como leilão de linha, e dois leilões de novos swaps cambiais, vendendo em cada um a oferta total de até 20 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

No leilão de linha, o diferencial ficou em 12,33 pontos. O BC passou a divulgar o resultado dessas operações dessa forma, em lugar de publicar a taxa de corte.

Dessas três intervenções, duas foram anunciadas após o fechamento dos negócios na sessão passada. Mas o BC também anunciou um dos leilões de swap nesta manhã, logo após o dólar atingir a máxima da sessão.

Questionado sobre a possibilidade de usar as reservas internacionais para intervir no câmbio, Tombini afirmou na véspera que "todos os instrumentos estão à disposição do BC". A declaração desencadeou forte ajuste na taxa de câmbio, corroborado perto do fim da sessão pelo anúncio de um programa de venda e compra de títulos públicos pelo Tesouro Nacional.

O operador de um banco internacional avaliou que a estratégia do governo é deixar claro que "se o mercado quer comprar, ele está lá para vender" e corrigir desequilíbrios no mercado.

No fim da manhã, a autoridade monetária também deu continuidade à rolagem dos swaps que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos. Com isso, já rolou ao todo o equivalente a 8,064 bilhões de dólares, ou cerca de 85 por cento do lote total, equivalente a 9,458 bilhões de dólares.

A sessão também foi marcada por volatilidade, embora um pouco menos intensa do que nos últimos dias. O dólar chegou a subir 0,44 por cento na máxima, a 4,0088 reais, e recuar 2,69 por cento na mínima, a 3,8841 reais.

Esse movimento foi identificado por operadores como uma "queda de braço" entre o mercado e o banco central. "O mercado peita e o BC responde, e isso se repete. A volatilidade está muito alta, não dá trégua", disse o operador, na condição de anonimato.

© Reuters. Nota de um dólar junto a notas de dois reais, em São Paulo

Logo após a abertura dos negócios, quando o dólar recuava quase 2 por cento, o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva Filho já havia advertido sobre o risco de nova onda de pressão cambial, apesar da forte queda da sessão passada.

"Apesar do alívio da pressão pontual sobre os ativos domésticos, várias questões de cunho político e fiscal ainda encontram forte resistência em sua aprovação como a reforma ministerial, as apreciações de vetos presidenciais e a propostas que oneram os cofres públicos e a nova CPMF", escreveu ele em nota a clientes.

A atuação do BC se sobrepôs completamente ao cenário externo, onde a perspectiva de que os juros devem subir ainda neste ano nos Estados Unidos elevava o dólar em relação a uma cesta de divisas. Essa perspectiva foi reforçada por declarações da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, e pelos dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre.

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