Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar chegou a oscilar abaixo dos 5,40 reais nesta segunda-feira, para depois encerrar o dia pouco acima deste patamar, com queda próxima de 1%, acompanhando o recuo quase generalizado da moeda norte-americana no exterior em meio à expectativa por cortes de juros nos Estados Unidos.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,99%, cotado a 5,4134 reais, no menor valor de fechamento desde 10 de julho, quando encerrou em 5,4132 reais. Em agosto a divisa acumula queda de 4,29%.
Às 17h14, na B3 (BVMF:B3SA3) o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,16%, a 5,4215 reais na venda.
A moeda norte-americana se firmou em baixa logo no início da sessão, em sintonia com o recuo firme do dólar ante outras divisas no exterior, com investidores otimistas quanto ao início do ciclo de cortes de juros nos EUA em setembro.
No Brasil, a curva de juros também seguiu precificando alta da taxa básica Selic em setembro.
“O mercado espera aumento do diferencial de juros entre o Brasil (alta da Selic) e EUA (queda do Fed Fund)”, resumiu pela manhã o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.
Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre uma máxima de 5,4733 reais (+0,11%) às 9h27 -- ainda na primeira meia hora de negócios -- e uma mínima de 5,3768 reais (-1,66%) às 15h03.
Ainda que o dólar não tenha se sustentado abaixo dos 5,40 reais até o fechamento, profissional ouvido pela Reuters chamou atenção para o fato de, nas últimas semanas, as cotações terem despencado após os picos do ano.
Em 5 de agosto o dólar fechou perto dos 5,75 reais, em meio aos receios de recessão nos EUA, às liquidações globais de operações de carry-trade com o iene e ao temor de escalada do conflito no Oriente Médio, entre outros fatores. Desde então o dólar já cedeu cerca de 35 centavos de real, em paralelo à melhora do cenário no exterior.
Analistas ouvidos pela Reuters nos últimos dias têm pontuado que, sem notícias novas de impacto, o dólar tende a ter dificuldades para sair da faixa entre 5,40 e 5,50 reais.
É por isso que as atenções estarão voltadas para a próxima sexta-feira, quando o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, falará no simpósio de Jackson Hole. Investidores estarão em busca de pistas sobre o tamanho do corte de juros nos EUA em setembro -- 25 pontos-base ou 50 pontos-base -- e sobre o ritmo da política monetária nos encontros seguintes do Fed. Antes disso, na quarta-feira, o Fed divulgará a ata de seu último encontro de política monetária.
No fim da tarde desta segunda-feira o dólar seguia em queda ante a maior parte das divisas emergentes, refletindo o maior apetite dos investidores por ativos de risco, e cedia ante as moedas fortes. Às 17h03 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,58%, a 101,870.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.