BBAS3: Banco do Brasil sobe antes do balanço; hora da virada ou ajuste técnico?
Investing.com – O dólar opera em queda nesta quarta-feira, pressionado pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. A decisão do presidente Donald Trump de ampliar de forma agressiva as tarifas sobre importações chinesas intensificou os receios de desaceleração da economia norte-americana, o que reverteu a trajetória recente da moeda americana no exterior.
Por volta das 7h30 de Brasília, o Índice do Dólar, que mede o desempenho da divisa dos EUA frente a uma cesta de seis moedas fortes, recuava 0,62%, aos 102,07 pontos, após ter atingido patamares não vistos desde setembro de 2024.
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A decisão de Trump, anunciada na noite anterior por meio de ordem executiva, eleva a carga tarifária total dos EUA sobre produtos chineses para 104%, após a imposição adicional de 50 pontos percentuais como resposta à recente retaliação chinesa de 34%.
A medida adiciona pressão à atividade econômica doméstica, uma vez que os custos das importações tendem a subir e, com eles, o risco de inflação. Esse cenário reforça a expectativa de cortes adicionais de juros por parte do Federal Reserve. Os contratos futuros dos Fed Funds passaram a precificar, nesta manhã, cerca de 111 pontos-base de redução nas taxas em 2025, frente aos 92 pontos-base considerados no início do dia anterior.
Entre os analistas, a leitura predominante é de que a ausência de substitutos imediatos para parte dos produtos chineses amplia os riscos de inflação e estagnação simultaneamente nos EUA, o chamado cenário de estagflação. Ao mesmo tempo, os impactos sobre a economia chinesa, embora relevantes, seriam absorvidos com maior resiliência por parte dos exportadores locais, segundo avaliações do setor financeiro.
Em relatório distribuído nesta manhã, instituições financeiras de grande porte apontaram que o mercado ainda pode estar subestimando o risco de uma recessão mais ampla nos Estados Unidos. A possibilidade de um ciclo mais agressivo de cortes de juros, ampliação dos spreads de crédito e aumento da volatilidade nos mercados acionários reforça esse diagnóstico.
Moedas globais se fortalecem diante da fraqueza do dólar
O euro avançava 0,6% frente ao dólar, cotado a 1,1025, aproximando-se da máxima da semana passada, de 1,1147. O movimento é apoiado por uma melhora na percepção política na zona do euro, após o entendimento entre os conservadores alemães e os sociais-democratas para a formação de um novo governo em Berlim.
Analistas veem a moeda única europeia em posição favorável para se beneficiar de episódios de desconfiança com relação ao dólar. Por ser a segunda divisa mais líquida do mundo e uma das principais alternativas para reservas cambiais, o euro tende a ser procurado em momentos de aversão ao risco global. Além disso, o fraco desempenho estrutural da economia europeia, ainda que preocupante, é uma constante, enquanto a fraqueza recente dos EUA representa uma anomalia relativa.
A libra esterlina também se valorizava, subindo 0,3%, para 1,2800, após ter recuado fortemente nos últimos dias. Ainda assim, o espaço para recuperação permanece limitado, já que os riscos fiscais e de crescimento no Reino Unido continuam no radar. O mercado já precifica, inclusive, a total probabilidade de um corte de 25 pontos-base na reunião de maio do Banco da Inglaterra — e alguns agentes passaram a considerar uma redução de 50 pontos.
Iuane atinge menor patamar desde 2007; iene se fortalece
Na Ásia, o USD/JPY recuava 0,5%, negociado a 145,53, com o iene se beneficiando de seu tradicional papel de refúgio em tempos de instabilidade. Investidores também reagiram à informação de que o Japão enviará representantes para dialogar diretamente com o governo norte-americano, em tentativa de mediar os impactos da atual disputa comercial.
Já o iuane chinês atingiu o nível mais fraco desde novembro de 2007, com o par USD/CNY subindo 0,2%, para 7,3498. A pressão sobre a moeda reflete a decisão do Banco Popular da China de fixar, por cinco dias consecutivos, o ponto médio da paridade em patamares mais desvalorizados, um possível sinal de que Pequim prepara o terreno para um período prolongado de confronto comercial com os EUA.