Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a quarta-feira praticamente estável ante o real, numa sessão marcada, por um lado, pelos receios em torno da economia global após a divulgação de dados fracos do mercado de trabalho nos EUA e, por outro, pela queda do minério de ferro e do petróleo no exterior.
O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,08%, cotado a 5,6395 reais. No ano, a divisa acumula elevação de 16,24%.
Às 17h09, na B3 (BVMF:B3SA3) o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,19%, a 5,6520 reais na venda.
Em mais um dia de queda forte do petróleo e do minério de ferro -- dois produtos importantes na pauta de exportação brasileira -- o real foi pressionado no início da sessão. As cotações também refletiam a cautela dos investidores antes da divulgação de novos dados sobre a economia dos EUA. Assim, às 9h14 o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,6623 reais (+0,33%).
O cenário mudou durante a manhã, após a divulgação do relatório Jolts do mercado de trabalho norte-americano.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que as vagas de emprego em aberto -- uma medida da demanda por mão de obra -- caíram em 237.000, para 7,673 milhões no último dia de julho, o nível mais baixo desde janeiro de 2021. Os dados de junho foram revisados para baixo, para mostrar 7,910 milhões de postos de trabalho não preenchidos, ante 8,184 milhões relatados anteriormente.
Os números do Jolts somaram-se aos dados fracos do setor industrial norte-americano divulgados na terça-feira, reforçando as preocupações em torno de uma possível recessão nos EUA.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries caíram e o dólar perdeu força ante a maior parte das demais divisas no exterior. No Brasil, a moeda norte-americana à vista marcou a mínima de 5,6164 reais (-0,49%) às 11h58.
“A taxa dos Treasuries recuando trouxe alívio para a curva de juros brasileira, mas também para o câmbio”, disse o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, ao avaliar os efeitos do relatório Jolts sobre os ativos globais nesta quarta-feira.
Em meio à queda das commodities e às preocupações com a economia norte-americana, o dólar retornou para perto da estabilidade ante o real durante a tarde, ainda que no exterior prevalecesse o viés negativo.
Às 17h30 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,38%, a 101,310.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024. Como na véspera, o BC não realizou nenhuma operação extra de swaps nesta sessão.
À tarde o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 2,696 bilhões de dólares em agosto, com saídas líquidas de 5,180 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 2,484 bilhões de dólares pela via comercial.