Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Após o forte avanço recente, o dólar à vista ensaiou um ajuste de baixa nesta terça-feira, mas acabou se reaproximando da estabilidade, puxado pela alta da moeda norte-americana no exterior e por preocupações em torno do cenário fiscal brasileiro, em um dia marcado ainda pela divulgação do IPCA de maio, que veio pior que o esperado.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,3597 reais na venda, em leve alta de 0,06%. Este é o maior valor de fechamento desde 4 de janeiro de 2023, quando encerrou em 5,4513 reais. Em junho, a moeda acumula elevação de 2,07%.
Às 17h19, na B3 (BVMF:B3SA3) o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,13%, a 5,3710 reais na venda.
Depois de acumular avanço de 2% nas duas sessões anteriores, o dólar chegou a oscilar no território negativo durante a manhã, a despeito do avanço da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior. Às 11h24, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,3353 reais (-0,40%).
No início da tarde, porém, o dólar já havia se reaproximado da estabilidade. Profissionais ouvidos pela Reuters citavam o avanço das cotações no exterior e a continuidade do mal-estar com o cenário fiscal brasileiro como motivos para que a moeda norte-americana não se sustentasse no território negativo no Brasil.
“A despeito da forte valorização recente (do dólar), não termos tido um movimento sequer pontual de realização”, pontuou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo. “O mercado está cada vez mais cético com esse papo de que o equilíbrio fiscal vai vir do aumento de arrecadação, sem redução de gastos”, acrescentou.
Em meio ao avanço também no exterior, a moeda norte-americana à vista marcou a máxima de 5,3748 reais (+0,34%) às 14h28. Depois, as cotações se reaproximaram da estabilidade.
Investidores demonstravam cautela antes da decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira, quando o banco central norte-americano deve dar pistas sobre o futuro dos juros nos EUA.
No Brasil, a curva de juros seguia precificando que o Banco Central manterá a taxa básica Selic em 10,50% ao ano na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom).
Esta avaliação foi reforçada na manhã desta terça-feira, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,46% em maio.
A leitura ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de um avanço de 0,42% no mês, e levou o IPCA a acumular em 12 meses alta de 3,93%, contra projeção de 3,89%. O centro da meta de inflação perseguida pelo Banco Central é de 3%.
Em tese, uma Selic mais elevada é um fator favorável à atração de capital pelo Brasil. Ainda assim, o dólar tem se mantido em patamares mais altos ante o real, em meio ao desconforto do mercado com a área fiscal.
Às 17h18, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,11%, a 105,260.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.