Dólar cai com Selic alta amparando real após dados fortes de inflação nos EUA

Publicado 10.02.2022, 09:11
Atualizado 10.02.2022, 11:56
© Reuters. Funcionário de casa de câmbio do Cairo conta notas de dólar
20/03/2019
REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passou a apresentar queda nesta quinta-feira, saindo de máximas alcançadas na esteira de leitura de inflação mais forte do que o esperado nos Estados Unidos, uma vez que o patamar elevado dos juros no Brasil pode proteger o real de eventual endurecimento da política monetária norte-americana.

O índice de preços ao consumidor dos EUA subiu 0,6% no mês passado, após alta também de 0,6% em dezembro. Nos 12 meses até janeiro, o índice saltou 7,5%, maior avanço anual desde fevereiro de 1982, e acelerando ante ganho de 7,0% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,5% para o índice no mês e acréscimo de 7,3% na base anual.

"O dado veio ligeiramente acima do consenso; isso tem um impacto negativo no real e em outras moedas emergentes, já que indica que a inflação nos Estados Unidos continua forte e persistente, e, diante desses dados, o Fed deve apresentar postura mais 'hawkish' (agressiva no combate à inflação)", disse à Reuters Felipe Izac, sócio da gestora Nexgen Capital.

No entanto, ele afirmou que o ambiente doméstico conta com um colchão que limita a vulnerabilidade da moeda brasileira a aumentos de juros nos EUA, que é o patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano.

Custos de empréstimos mais altos em determinado país tendem a beneficiar a moeda local, ao elevar a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico.

Às 11:40 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,52%, a 5,1996 reais na venda, depois de tocar os 5,2490 reais (+0,42%) na máxima do dia, alcançada minutos depois da divulgação dos dados norte-americanos.

© Reuters. Funcionário de casa de câmbio do Cairo conta notas de dólar
20/03/2019
REUTERS/Mohamed Abd El Ghany

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes, avançava 0,2%, enquanto a taxa do Treasury (título soberano dos EUA) de dez anos chegou a tocar 2% pela primeira vez desde agosto de 2019.

O banco central da maior economia do mundo já sinalizou que vai começar a elevar os juros em março, mas não há consenso sobre a magnitude do ajuste. Antes dos dados de inflação desta quinta, a maioria das apostas era em alta de 0,25 ponto percentual nos juros no mês que vem, mas, agora, os mercados monetários já precificam 50% de chance de um aumento mais agressivo, de 0,50 ponto.

O dólar spot fechou a última sessão em queda de 0,64%, a 5,2269 reais, menor valor para encerramento desde 13 de setembro de 2021 (5,2236).

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