Taxas futuras recuam com impasse comercial entre Brasil e EUA e falas de Galípolo no radar
Investing.com – O dólar operava em queda na manhã desta segunda-feira, mantendo-se próximo das mínimas de vários anos, diante do crescente otimismo com relação aos acordos comerciais e da intensificação das apostas de que o Federal Reserve poderá reduzir os juros em breve.
Às 7h45 (horário de Brasília), o Índice do Dólar, que mede o desempenho da divisa norte-americana frente a uma cesta de seis moedas, recuava 0,2%, aos 96,810 pontos, patamar mais baixo desde março de 2022, acumulando perda de 2,6% em junho.
Expectativas de alívio monetário aumentam após avanços diplomáticos
A perspectiva de uma mudança nas políticas comerciais dos Estados Unidos ganhou força após a Casa Branca anunciar um novo entendimento com a China e o Canadá suspender a cobrança de um imposto sobre serviços digitais, com o objetivo de retomar tratativas anteriormente estagnadas.
Na mesma linha, a Bloomberg divulgou que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em reunião reservada com líderes da União Europeia que acredita ser possível firmar um acordo com os EUA antes de 9 de julho, data-limite para a entrada em vigor de tarifas mais agressivas dos dois lados.
A possível retirada dessas barreiras tarifárias, com impacto direto sobre os preços, pode fornecer o último argumento necessário para que o Federal Reserve promova novo corte nos juros, pressionando ainda mais o dólar.
Em audiência recente no Congresso americano, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom considerado acomodatício ao afirmar que a autoridade monetária poderá agir caso a inflação permaneça contida durante o verão, mesmo com os efeitos tarifários.
Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, a probabilidade de ao menos um corte de 25 pontos-base até setembro subiu para 91,5%, frente aos 83% registrados na semana anterior. O comitê de política monetária se reúne novamente em julho, mas não há encontro previsto para agosto.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanha o andamento do robusto projeto de redução de impostos e aumento de gastos proposto por Donald Trump, que já passou pela Câmara dos Deputados e está agora sob análise do Senado. De acordo com estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso, a medida poderia ampliar a dívida pública em US$ 3,3 trilhões ao longo de uma década.
Dados fracos na Alemanha contrastam com valorização do euro
Na Europa, o EUR/USD subia 0,1%, a 1,1730, próximo do pico de 1,1754 alcançado na sexta-feira, o maior nível desde setembro de 2021. O euro se fortalecia diante da fragilidade da moeda americana, embora fatores domésticos tivessem influência limitada nesse movimento.
As vendas no varejo da Alemanha caíram 1,6% em maio na comparação mensal, resultado abaixo do esperado e que reduz as perspectivas de um segundo trimestre mais robusto para a maior economia do bloco.
Além disso, os números de inflação da Alemanha e da Itália devem indicar apenas uma aceleração moderada, o que pode ser um indicativo preliminar para o índice agregado da zona do euro a ser divulgado ainda nesta semana.
“Com o mercado precificando o primeiro corte de juros do BCE apenas para dezembro, vemos espaço para uma reavaliação em direção a uma postura mais flexível”, destacaram analistas do ING.
O GBP/USD cedia 0,1%, a 1,3705, após atingir 1,3770 na quinta-feira, máxima desde outubro de 2021. O PIB britânico cresceu 0,7% no primeiro trimestre de 2025, maior ritmo em um ano e em linha com a estimativa inicial, mas o Banco da Inglaterra projeta desaceleração no segundo trimestre, com expansão em torno de 0,25%.
Yuan se valoriza com alívio nos dados industriais
Na Ásia, o USD/JPY recuava 0,4%, negociado a 144,07, mesmo após a divulgação de que a produção industrial japonesa avançou em ritmo inferior ao projetado em maio.
O USD/CNY registrava queda de 0,1%, a 7,1654, com o yuan próximo ao seu nível mais forte desde novembro. Dados do PMI mostraram contração mais branda do setor manufatureiro chinês em junho, ao passo que a atividade não manufatureira apresentou melhora em relação ao mês anterior.
O indicador sinaliza uma retomada parcial na demanda externa, refletindo os efeitos positivos da redução mútua de tarifas entre China e Estados Unidos em maio. Ainda assim, o setor industrial chinês permanece encolhendo pelo terceiro mês consecutivo, refletindo a persistência das pressões tarifárias e a fraqueza da demanda doméstica.