Trump leva luta contra o Fed a nível sem precedentes com tentativa de demitir diretora
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista tinha leve baixa ante o real nesta terça-feira, conforme os investidores avaliavam dados de inflação e a decisão do presidente dos Estados Unidos de demitir uma diretora do Federal Reserve, com uma reunião ministerial do governo brasileiro também no radar.
Às 9h50, o dólar à vista caía 0,14%, a R$5,4068 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,11%, a R$5,415 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, com os mercados globais reagindo ao anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que estava demitindo a diretora do banco central Lisa Cook por suposta declarações falsas em formulários de hipoteca.
Trump pediu que Cook renuncie em 20 de agosto, depois que o diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional dos EUA, William Pulte, acusou-a de reivindicar duas de suas hipotecas como residências principais. A diretora respondeu que o presidente não tem autoridade de demiti-la.
Diante de mais uma tentativa de Trump de influenciar as operações Fed, agentes financeiros optavam por desmontar posições na divisa dos EUA, o que fortalecia uma série de moedas ao redor do globo, como o real, o euro, o peso mexicano e o peso chileno.
Desde que Trump retornou à Casa Branca em janeiro, ele vem pressionando as autoridades do Fed a reduzirem a taxa de juros, o que ainda não fizeram neste ano, despertando nos mercados a preocupação de desgaste da independência do banco central.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,25%, a 98,227.
Na cena doméstica, o destaque do dia era a divulgação dos dados do IPCA-15 de agosto, que registrou deflação pela primeira vez em dois anos. O índice teve queda de 0,14%, após avanço de 0,33% no mês anterior, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE.
Investidores têm analisado os números da inflação brasileira para determinar quando o Banco Central poderá reduzir a taxa Selic, atualmente em 15%, à medida que os membros da autarquia têm sinalizado que os juros permanecerão elevados por período bastante prolongado.
As atenções também continuam voltadas para o impasse comercial entre Brasil e EUA, com foco nas tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros.
Pela manhã, Lula realiza reunião ministerial no Palácio do Planalto para discutir uma série de temas.
(Edição de Camila Moreira)