Por Geoffrey Smith
Investing.com -- A libra esterlina tentava esboçar uma reação enquanto o primeiro-ministro Boris Johnson se segurava no poder após um novo escândalo envolvendo sua condução do Partido Conservador.
Às 13h06 (horário de Brasília), a libra esterlina estava em queda de 0,51% a US$ 1,1895, com os mercados atentos à perspectiva de uma política fiscal mais expansionista e o afastamento de uma ameaça mais imediata ao fornecimento de energia do país e ao seu balanço de pagamentos.
Mais cedo, Johnson conseguiu sobreviver a uma intensa série de questionamentos na Câmara dos Comuns feitos tanto pela oposição quanto por setores do seu próprio partido, a fim de saber por que o mandatário faltou com a verdade em relação à promoção de um homem acusado de assédio sexual ao cargo de chefe-adjunto da Secretaria Parlamentar do Tesouro.
Repetindo seu posicionamento adotado nos últimos meses, Johnson recusou-se a deixar o cargo, apontando para o fato de que ainda comandava uma considerável maioria na Câmara, após sua vitória eleitoral de 2019.
No entanto, a sensação de paralisia no governo está aumentando, após dois ministros de alto escalão – o chefe do Tesouro, Rishi Sunak, e o Ministro da Saúde, Sajid Javid – renunciarem na terça-feira por conta da forma como o assunto vem sendo tratado.
Javid repetiu sua crítica ao que chamou de “falta de integridade e competência" de Johnson em um pronunciamento à Câmara imediatamente depois do fim da sessão de perguntas semanais ao primeiro-ministro.
“O botão de reset só pode funcionar algumas vezes”, afirmou Javid. “Só dá para ligar e desligar a máquina tantas vezes depois de perceber que algo está muito errado”.
Johnson substituiu Sunak por Nadhim Zahawi, que é visto como mais complacente do que seu antecessor. Sunak, em sua carta de renúncia, mencionou profundas diferenças em relação à política fiscal, sugerindo que desejava ver um progresso maior na redução do déficit orçamentário.
“Como o primeiro-ministro e vários outros parlamentares conservadores mostram um descontentamento cada vez maior com a rígida política fiscal de Sunak, é pouco provável que Zahawi tenha um foco tão grande em tentar equilibrar as contas”, afirmaram os analistas do HSBC, Simon Wells e Chris Hare, em nota aos clientes. Eles ressaltaram que Sunak “citou a necessidade de ‘sacrifícios e decisões difíceis’” em sua carta de renúncia. “Por enquanto, as inclinações mais flexíveis (dovish) de Johnson parecem ter vencido”.