O dólar teve a segunda sessão consecutiva de forte desvalorização no exterior, com perspectiva de diferencial de juros menos favorável aos Estados Unidos, depois que os bancos centrais de Reino Unido e zona do euro sinalizaram uma posição mais conservadora que a do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em relação aos planos para afrouxamento monetário.
O índice DXY, que mede a variação da moeda americana antes seis rivais fortes, fechou em baixa de 0,89%, a 101,956 pontos, tendo atingido mínima desde agosto. No fim da tarde em Nova York, o euro subia a US$ 1,0991 e a libra avançava a US$ 1,2766. O dólar baixava a 141,81 ienes.
Conforme universalmente esperado, Banco Central Europeu (BCE), Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) e Banco Central da Suíça (SNB, na sigla em inglês) mantiveram juros hoje, um dia após decisão semelhante do Federal Reserve. Mas o que concentrou atenção dos mercados foram a sinalizações em relação aos passos seguintes - e neste aspecto houve divergências sensíveis.
Se o Fed colocou a discussão sobre cortes da taxa básica na mesa - ainda que de forma preliminar -, a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou a mensagem do "higher for longer" (juros mais altos por mais tempo). O líder do BoE, Andrew Bailey, argumentou que ainda é cedo para começar a falar em alívio na postura.
Como resultado dessas diferenças, o dólar enfrentou pressão generalizada. "O ciclo de venda do dólar que começou no final do terceiro trimestre deve persistir até janeiro", prevê o Jefferies.
O TD Securities, por sua vez, entende que o destino do câmbio dependerá do ritmo de relaxamento monetário global. Segundo a análise, o foco se voltará ao quadro de atividade, em benefício de moedas mais cíclicas e sensíveis ao risco. "Isso deve ajudar o euro, mas a divisa europeia poderia ficar aquém de AUD dólar australiano e BRL real", ressalta.
Entre emergentes, o dólar recuava a 17,1955 pesos mexicanos, depois que o Banco do México manteve juros em 11,25% e chamou atenção para os riscos ascendentes à inflação.
No mercado paralelo da Argentina, o dólar blue caiu a 990 pesos, ainda em repercussão às medidas econômicas anunciadas pelo novo governo do presidente Javier Milei.