O dólar operou em alta ante a maioria de suas moedas rivais nesta terça-feira. Considerado um ativo de segurança, a divisa norte-americana foi impulsionada em meio às preocupações do mercado global com a variante delta do coronavírus, mais transmissível que a cepa original e que tem provocado novas restrições à atividade ao redor do mundo.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, avançou 0,18% hoje, aos 92,049 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,1901 e a libra cedia a US$ 1,3850, enquanto o dólar se depreciava a 110,55 ienes.
"Os temores pelo vírus estão aumentando, assustando os mercados em benefício de portos seguros como o dólar e o iene", explica o analista sênior do Western Union Joe Manimbo, em relatório enviado a clientes.
Países da Europa, em especial o Reino Unido, estão entre os que mais registraram casos recentes da variante delta, identificada primeiro na Índia. Na segunda-feira, Portugal e Espanha decidiram apertar as restrições a visitantes britânicos que chegarem nos dois países da Península Ibérica. Já Hong Kong foi mais duro, e decidiu proibir o desembarque de cidadãos britânicos.
Neste cenário, o euro ignorou o avanço acima das expectativas do índice de sentimento econômico da zona do euro em junho, ao maior nível registrado nos últimos 21 anos, além do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) alemão para o mesmo mês. Já a libra foi pressionada por tensões políticas locais e um Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) dovish, além dos riscos pela pandemia, segundo o Brown Brothers Harriman.
Entre autoridades monetárias, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a fragmentação econômica no Velho Continente pode conter a capacidade de investimento, em meio às discussões sobre a transformação verde e digital da atividade. Ela ainda destacou o papel do euro neste processo, já que a divisa comum é a mais utilizada na emissão de bônus verdes, segundo Lagarde.
Para o estrategista de câmbio da TD Securities, Ned Rumpeltin, o dólar deve se manter forte no restante da semana, à espera da divulgação do relatório de empregos (payroll) de junho nos EUA, que sai na próxima sexta-feira, 2. "De nossa perspectiva, o caminho de menor resistência para o dólar pode ser o mercado reduzir ainda mais as posições vendidas de dólar, já que as condições de negociações de verão devem se estabilizar nas próximas semanas", diz o analista.
Entre moedas emergentes, o rublo teve um dos piores desempenhos do dia ante o dólar, mas a moeda da Rússia deve se fortalecer na segunda metade do ano em meio à recuperação da economia local e a postura hawkish do BC do país, segundo o Danske Bank. A instituição cita que os riscos políticos por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia são os únicos fatores a segurar o rublo no momento, e devem se dissipar em breve. Perto do horário de fechamento do mercado em NY, o dólar subia a 72,802 rublos.