O dólar subiu frente suas principais rivais nesta segunda-feira. A divisa norte-americana ganhou impulso com falas hawkish do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, enquanto continua a se beneficiar da característica de porto seguro dos investidores, em meio à guerra na Ucrânia. Comentários da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, também ficaram no radar.
O índice DXY, que mede o dólar contra seis rivais, teve alta de 0,27%, a 98,498 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro caía a US$ 1,1012 e a libra, a US$ 1,3156, enquanto o dólar avançava a 119,47 ienes.
Em evento nesta tarde, Powell não descartou a possibilidade de um aperto monetário mais rápido que o atual nos Estados unidos, no qual um aumento da taxa de juros básicos seja superior a 25 pontos-base. O presidente do Fed também afirmou que a guerra na Ucrânia deve ter efeitos "significativos" na economia global, com magnitude e persistência "altamente incertos". No curto prazo, a autoridade disse que o Fed não prevê progressos para a inflação americana. Em meio às falas de Powell, o DXY ganhou forças e acelerou alta. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, por sua vez, ponderou que as incertezas no cenário econômico reduziram sua confiança de que será apropriado elevar os juros de modo "extremamente agressivo".
No BCE, a presidente Christine Lagarde afirmou que as autoridades monetárias europeia e americana devem ficar fora de sintonia em um futuro previsível. "Nossas duas economias estão em lugares diferentes do ciclo econômico, mesmo antes da guerra na Ucrânia", afirmou. Lagarde disse ainda não ver elementos de estagflação na zona do euro.
Nas projeções, a Fitch reduziu sua previsão de crescimento global, assim como para a zona do euro e EUA. Enquanto o Bundesbank afirmou que a guerra atual deve ter impacto "notável" na economia alemã a partir deste mês. Já autoridades da União Europeia acusaram a Rússia de cometer crimes de guerra, mas não sinalizaram novas sanções até o momento, enquanto Washington cobrou condenação da China sobre a invasão russa e reiterou apoio à solução diplomática. Líderes europeus e o presidente Joe Biden também conversaram sobre o conflito em telefonema hoje.
Em relatório, o BBH afirma que a precificação do mercado para o aperto monetário do Fed continua a se ajustar depois da decisão monetária na última quarta-feira. Entre as perspectivas para o Fed e a melhora no sentimento de risco, o banco projeta que a tendência de alta do dólar segue intacta. O ING também espera que a divisa americana encontre apoio contra moedas do bloco europeu, além de países com retornos mais baixos.
Com reação marginal no mercado de câmbio, foram divulgados a inflação ao produtor na Alemanha, que atingiu nível recorde em fevereiro, e queda no índice de atividade nacional nos EUA, medido pelo Fed de Chicago, no mesmo mês.