O dólar operou sem direção única ante moedas rivais nesta segunda-feira, com as valorizações do euro e do iene japonês pressionando o índice DXY, que mede a variação da moeda americana em relação a outras seis divisas. O recuo nos juros dos Treasuries também influenciou o câmbio. Entre emergentes, o dólar mostrou bom desempenho, após a lira turca despencar em resposta à inesperada troca de comando no banco central da Turquia.
No fim da tarde em Nova York, o euro tinha alta a US$ 1,1939, o dólar se desvalorizava a 108,80 ienes, enquanto a libra recuava a US$ 1,3865. O índice DXY fechou em queda de 0,19% hoje, aos 91,742 pontos.
A queda da lira turca após o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, destituir o 3º presidente do BC turco dos últimos dois anos foi o principal driver para o mercado cambial nesta segunda-feira. O dólar chegou a atingir a cotação de 8,4808 liras, na máxima do dia, em movimento que impulsionou a moeda americana ante outras divisas emergentes. Perto do fechamento dos mercados em NY, o dólar avançava a 14,7381 rands sul-africanos, 47,961 rublos russos e 20,5971 pesos mexicanos.
Segundo o Wells Fargo, a lira turca seguirá pressionada no futuro próximo, já que o próximo ocupante da posição de chefe do BC local será Sahap Kavcioglu, economista ligado ao partido de Erdogan e que defende menores taxas de juros. "Na nossa visão, a indicação é de uma continuidade da intervenção governamental na política monetária", avalia o banco.
A Capital Economics, por sua vez, prevê maior risco de que uma nova crise ocorra na Turquia, em cenário que pode ser agravado pela situação mais vulnerável dos bancos estatais do país, em comparação com a crise anterior em 2018.
A queda nos retornos dos Treasuries também contribuiu para a fraqueza do dólar, fazendo do euro a divisa concorrente com melhor desempenho ante a moeda americana durante a sessão de hoje, segundo a diretora-gerente de estratégia de câmbio da BK Asset Management, Kathy Lien. Ela ressalta, porém, que a perspectiva a curto prazo para a moeda comum não é tão positiva, já que a zona do euro está atrás de Reino Unido e Estados Unidos na vacinação contra a covid-19 e uma nova onda de casos afetam algumas das principais economias da região, incluindo a Alemanha.