O euro caiu nesta segunda-feira, 10, sob pressão diante dos resultados da eleição para o Parlamento Europeu e suas consequências, o que ajudou a apoiar o dólar. A moeda americana ainda era apoiada por expectativa antes de, na quarta-feira, haver publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio e também da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Entre emergentes, o dólar blue avançou ante o peso argentino, ante a incerteza no quadro político local, e o peso mexicano chegou a bater mínimas em um ano, com o quadro global e também cautela com a política do país.
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 157,04 ienes, o euro recuava a US$ 1,0766 e a libra tinha alta a US$ 1,2731. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,25%, a 105,150 pontos.
O euro esteve em foco, em dia negativo também para os mercados acionários europeus. A disputa pelo Parlamento Europeu terminou, no quadro geral, com a manutenção do grupo mais ao centro no comando e expectativa de reeleição de Ursula von der Leyen na presidência da Comissão Europeia. Na França e na Alemanha, porém, a extrema-direita conseguiu avanços importantes.
O governo alemão descartou eleições antecipadas, mas o presidente francês, Emmanuel Macron, deu esse passo no domingo ao convocar disputa antecipada para o Legislativo do país. A Capital Economics diz que é "muito improvável" um próximo governo francês pró-negócios e pró-UE como o atual. O ING afirma que Macron desejava mostrar que o voto no Parlamento Europeu foi de protesto, mas a extrema-direita local não seria tão forte. A tese será testada nos dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho.
O aumento na incerteza, de qualquer modo, penalizava o euro hoje, em dia de agenda de resto modesta. Nos EUA, há maior expectativa pela quarta-feira, com números do CPI e decisão do Fed, esta ainda com projeções atualizadas do banco central. Analistas em geral esperam que os dirigentes apontem para menos cortes de juros que em março, diante da inflação persistente, e a postura mais dura do Fed tende a apoiar o dólar.
Entre moedas emergentes, o dólar caía a 18,3160 pesos mexicanos, no horário citado, com o peso invertendo o movimento de mais cedo, após bater mínimas em um ano. A divisa do México está sob pressão desde que foi eleita a governista Claudia Sheinbaum, diante de especulações sobre potencial reforma constitucional desejada pelo atual presidente, Andrés Manuel López Obrador. A Pantheon diz que a perspectiva para a inflação mexicana se deteriorou nos últimos dias, após o resultado eleitoral, "que elevou o risco político e por consequência enfraqueceu o peso mexicano".
O dólar ainda avançava a 901,8472 pesos argentinos. No mercado paralelo, o dólar blue subia a 1.280 pesos, próximo da máxima histórica de 1.300 pesos de 23 de maio, segundo o jornal local Ámbito Financiero.
O Barclays (LON:BARC) comenta, em relatório, que o quadro político na Argentina "tem se tornado mais desafiador", com exportações mais fracas que o antecipado de soja diante de um câmbio real forte e taxas de juros reais negativas, além da falta de medidas fiscais estruturais e de um potencial impasse com o Congresso, diante da intenção da Câmara dos Deputados de elevar pensões, por exemplo.