Berlim, 8 jun (EFE).- Os países industrializados não estão
mostrando a ambição necessária para combater a mudança climática e,
faltando seis meses para aprovar um acordo pós-Kioto, as metas de
redução de gases poluentes desses Estados não se ajustam aos
objetivos fixados pela ONU.
A afirmação foi feita hoje pelo secretário-executivo da
Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima (UNFCCC),
o holandês Ivo de Boer, ao final de uma conferência realizada em
Bonn, preparatória para a cúpula de Copenhague de dezembro.
Segundo de Boer, as propostas apresentadas até agora por cerca de
30 países industrializados, entre eles quase toda a União Europeia
(UE), falam de reduzir as emissões entre 17% e 26% até 2020.
O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), no
entanto, afirma que é preciso reduzir as emissões entre 25% e 40% em
relação aos níveis de 1990 como esforço mínimo para evitar danos
maiores ao Planeta.
Na relação de Estados nem sequer figuram países industrializados
como Estados Unidos, Rússia ou Japão.
As metas de redução fazem parte das negociações que antecedem a
cúpula de Copenhague, na qual deve ser fixado um novo protocolo que
substitua o de Kioto a partir de 2012.
De Boer lamentou que a escassez de propostas esteja diminuindo o
andamento das negociações, mas ressaltou que, por enquanto, não se
pode falar de estagnação.
O secretário-executivo pediu às nações industrializadas para
melhorar seus objetivos, e aos demais países para formular
propostas.
De Boer qualificou de insuficientes os objetivos identificados
pelos Estados Unidos, país que não ratificou o Protocolo de Kioto,
mas que quer assinar o acordo que substituirá o pacto.
Embora os EUA, que, junto com a China, são o maior poluidor do
mundo, devam reduzir os gases poluentes em 17% até 2020 em relação a
2005, este volume só representaria uma diminuição de 4% frente aos
níveis de 1990, que são os tomados como ponto de partida no resto
dos países.
De Boer afirmou que, apesar de o objetivo até 2020 ser
relativamente moderado, os EUA têm condições de melhorar
substancialmente sua capacidade de redução até 2050.
Ele lembrou que a União Europeia fixou como objetivo reduzir as
emissões em 20%, mas que o bloco pretende elevar este volume a 30%
se outros países se somarem a esta meta. EFE