Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo cancelou o anúncio do programa Auxílio Brasil marcado para esta tarde, segundo informou a assessoria do Ministério da Cidadania, em meio a uma forte reação negativa do mercado à decisão de colocar parte do pagamento do benefício que vai substituir o Bolsa Família fora do teto de gastos.
Uma fonte a par das negociações, entretanto, disse à Reuters que não se conseguiu fechar o formato do benefício, o que levou ao adiamento do anúncio. Essa fonte relatou que o valor de 400 reais para o Auxílio Brasil foi uma imposição do presidente Jair Bolsonaro.
Em comunicação enviada a ministros e vista pela Reuters, o presidente fez o convite para a "Cerimônia de Lançamento do Auxílio Brasil" às 17h, no terceiro andar do Palácio do Planalto --onde fica o gabinete presidencial. A comunicação da cerimônia foi enviada ainda na segunda-feira.
Convidados estavam chegando ao Palácio do Planalto e acabaram sendo informados pela equipe de apoio que a cerimônia não iria mais ocorrer.
Uma outra fonte, com conhecimento do programa, explicou que o valor pago às famílias será composto em parte pelo orçamento do Bolsa Família e em parte por um auxílio temporário que, por não ser estruturado como despesa continuada, não precisará de definição de fonte de receita.
Segundo essa fonte, o Bolsa Família será rebatizado de Auxílio Brasil, como planejava o governo, e manterá seu orçamento de 34,7 bilhões de reais previsto para o ano que vem. Mas, para robustecer o valor pago aos beneficiários, um auxílio temporário será criado, ao custo de cerca de 50 bilhões de reais. Parte do auxílio será pago dentro do teto de gastos e parte fora.
Ainda na noite de segunda-feira, se encaminhava para uma fórmula semelhante, mas com um valor total de 300 reais por família.
A informação de que o governo planeja furar o teto de gastos aguçou o mau humor do mercado financeiro.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito)