Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - Enquanto o mundo navega no momento mais hawkish do novo ciclo monetário, os velhos problemas brasileiros seguem no radar no segundo semestre deste ano: inflação e risco fiscal. Relatório macro e de estratégia divulgado pelo banco BTG (BVMF:BPAC11) aponta que diante desse cenário, aumentam as chances de permanência de uma taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em patamares elevados por mais tempo. A proximidade das eleições de outubro e a desaceleração do crescimento - ou recessão - global trazem à tona a necessidade de uma adequação na estratégia das carteiras.
O banco revisou para baixo as projeções para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, para 8,8%, contra 9,40% anteriores. No entanto, elevou a para o próximo ano para 5,4%, contra os 4,30% do último relatório.
A estimativa para 2022 é de um crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,50% (acima do 1% anterior); taxa de câmbio mantida em R$4,80 e Selic em 13,75%, 0,5 p.p. superior à projeção passada. A tendência de uma Selic elevada reforça o posicionamento do banco de concentrar os investimentos em ativos de renda fixa pós-fixados, com indicação ainda tímida em taxas pré. Para os pré-fixados, mantém a estratégia de alocação com vencimento médio de 2,5 anos (2024-2025). O BTG acredita que, com os riscos fiscais devido à elevação dos preços de combustíveis, o investidor deve ter cautela com posicionamento em vencimentos mais longos.
Para a renda variável local, o banco afirma que a desvalorização mensal reforça a opção por ativos de maior liquidez, as large caps, em setores como commodities, financeiro e alta renda.
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Cenário externo
Relatório do BTG destaca que os próximos meses devem ser marcados por novas altas dos juros pela autoridade monetária americana, o Federal Reserve (Fed), em busca da diminuição das taxas de inflação. Segundo o banco, o risco já estava mapeado desde o final do ano passado e o mercado caminha para convergir para a estimativa terminal dos fed funds próxima de 4% em 2023. Além disso, o mercado chinês não consolidou sua reabertura econômica após as duras medidas contra a covid-19.
No entanto, o banco pondera que a possibilidade de surpresas positivas da economia chinesa ainda deve permanecer neste ano - e tende a impulsionar o Brasil - mas, na contrapartida, pode ser um “vento contrário para o cenário de inflação - via commodities - para o mundo”, detalha o documento.
Em relação às alocações de ativos, o BTG acredita que o mercado americano está mais favorável do que o europeu e recomenda exposição apenas nos BDRs dos Estados Unidos. Quando trata de investimentos alternativos, recomenda exposição apenas em Fundos Imobiliários, mas não em ouro ou criptomoedas em nenhuma das alocações sugeridas, nem as mais arrojadas.