(Reuters) - A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse nesta sexta-feira que o governo federal vai disponibilizar mais de 300 brigadistas e duas aeronaves adicionais para o auxílio no combate a incêndios no Amazonas, em meio à grande seca que atinge o Estado e tem provocado uma densa nuvem de fumaça sobre a capital Manaus.
Marina fez um apelo para que as pessoas parem de atear fogo na floresta amazônica, enquanto o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que quem incendiar deliberadamente áreas privadas terá seus imóveis embargados e não poderá mais obter financiamento.
“Não existe fogo natural na Amazônia, ou é criminoso ou é desmatamento”, disse Marina em entrevista coletiva em Brasília ao lado de Agostinho e outras autoridades do governo federal que lidam com a questão das queimadas. "Há ateamento de fogo em áreas privadas e públicas de forma criminosa".
Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia enfrenta uma seca histórica agravada pelo fenômeno climático El Niño, com chuvas abaixo da média agravando os efeitos da estação anual de queimadas na região.
Esta é a época do ano em que os incêndios tendem a aumentar na Amazônia à medida que as chuvas diminuem, permitindo que pecuaristas e agricultores ateem fogo em áreas desmatadas.
Segundo o governo brasileiro, 60 das 62 cidades do Amazonas declararam estado de emergência devido à seca e aos incêndios florestais, e o mês de outubro deverá ser “desafiador”. Em Manaus, a nuvem de fumaça sobre a cidade levou a qualidade do ar a níveis históricos de baixa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostou a sua reputação internacional na reversão do retrocesso ambiental sob o seu antecessor Jair Bolsonaro, quando o desmatamento da Amazônia disparou.
Nos primeiros nove meses de 2023, o desmatamento na região caiu 49,5% anualmente, segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Se não tivéssemos reduzido o desmatamento em quase 50%estaríamos vivendo um apocalipse”, disse Marina. “Neste momento estamos vivendo uma situação de emergência climática no Brasil.”
(Por Eduardo Simões e Gabriel Araújo, em São Paulo)