Por Jessica Bahia Melo
Investing.com Brasil – As ações da IRB (SA:IRBR3), que já foi queridinha do mercado, sofreram nos últimos anos, após uma série de escândalos. O IPO da resseguradora foi em 2017, com preço inicial em R$ 9,08. Em 31 de janeiro de 2020, as ações atingiram o pico, com valorização de quase 350%, chegando a R$ 40,74. Em 31 de maio deste ano, no entanto, os papéis disparavam mais de 8%, cotados a R$3,04.
O início de 2020 foi de complicações para a companhia. A gestora carioca Squadra divulgou que tinha uma posição short nos papéis e apresentou ao mercado um relatório de com mais de 150 páginas revelando problemas contábeis na companhia. Na sequência, a Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa) (SA:BERK34), do megainvestidor Warren Buffet, desmentiu que seria uma das acionistas da resseguradora por meio de uma nota ao mercado. A história do investimento de Buffet na companhia foi plantada pelo ex-CFO da companhia Fernando Passos, com intuito de valorizar o preço das ações da IRB.
Depois disso, os papéis entraram em queda livre e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um inquérito na época, pra investigar possíveis irregularidades nas operações. A resseguradora também se deparou com diversas movimentações em seus cargos executivos, o que tornou o primeiro trimestre um período conturbado. “A maior luta da parte de governança corporativa é conseguir recuperar a confiança do investidor“, destaca Heitor de Nicola, assessor da Acqua Vero.
Bull case, tese de alta
Para João Abdouni, analista da Inv, o IRB é uma empresa tradicional, que começou como estatal. Além disso, os resultados financeiros tiveram destaques positivos. Mesmo com a covid-19 impactando a companhia em 2022, ela reportou um lucro líquido de R$ 81 milhões, crescendo em 58% na comparação anual. O principal motivo disso foi o impacto não-recorrente de ganhos de duas ações judiciais.
Matheus Amaral, analista do banco Inter, afirma que como o lucro veio de um fator não operacional, sem ele, a empresa teria tido um prejuízo de R$ 54 milhões. No entanto, a operação tem seguido modelo de reestruturação.
“Já vimos investidores experientes começarem a entrar no papel, como o Luiz Barsi Filho, que tem muitos anos de bolsa. Esse tipo de investidor de longo prazo pode ajudar a companhia, tendo menos especulação no papel”, acredita.
Bear case, tese de baixa
Para João Abdouni, analista da Inv, ainda há desconfiança se a empresa vai precisar de capital mais uma vez, com queimas de caixa mesmo após a administração nova.
“Essa cauda de resseguros, que pode ser de até sete anos, continuaram a apresentar resultados ruins“, detalha.
Já Amaral completa que o setor de seguros é impactado pelas complicações das safras devido a secas no ano passado, principalmente sinistralidade.