Por Nidal al-Mughrabi e Emily Rose
GAZA/JERUSALÉM (Reuters) - Médicos palestinos disseram nesta quinta-feira que estão com cada vez mais medo pelas vidas de centenas de pacientes e funcionários no maior hospital de Gaza, que está totalmente isolado do mundo exterior desde a entrada das forças militares israelenses.
Israel afirmou que ainda estava vasculhando o hospital Al Shifa nesta quinta-feira, mais de um dia depois de entrar no prédio, em meio a uma ofensiva israelense com o objetivo de aniquilar militantes do Hamas no enclave palestino.
“A operação é moldada pela nossa compreensão de que há uma infraestrutura terrorista bem escondida no complexo”, disse uma autoridade israelense, se recusando a ser identificada.
O Exército israelense afirmou que o corpo de uma mulher israelense, um dos 240 reféns tomados por homens armados do Hamas que invadiram o sul de Israel em 7 de outubro, foi recuperado pelas tropas em um prédio perto do hospital.
Por enquanto, Israel divulgou imagens do que afirma serem fuzis e coletes à prova de balas encontrados no hospital, mas não mostrou evidências de um vasto quartel-general subterrâneo de comando do Hamas que disse que estava sendo operado nos túneis abaixo dele.
A Human Rights Watch alertou que hospitais têm proteções especiais sob leis humanitárias internacionais.
“Hospitais apenas perdem essas proteções se for demonstrado que atos danosos foram realizados das suas premissas”, disse o diretor do órgão junto à ONU, Louis Charbonneau, à Reuters. “O governo israelense não apresentou provas disso”.
O diretor do Complexo Al Shifa, Muhammad Abu Salamiya, disse que o hospital está “sob autoridade de ocupação há 48 horas e a cada minuto” mais pacientes morrerão.
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que soldados israelenses retiraram cadáveres do território do hospital e destruíram carros estacionados no local, mas que não estavam deixando funcionários ou pacientes irem embora.
O porta-voz do ministério, Ashraf Al-Qidra, disse que não há água, comida ou leite infantil em Shifa, lotado com 650 pacientes e cerca de 7.000 pessoas deslocadas por semanas de ataques aéreos israelenses e bombardeios de artilharia.
Médicos disseram anteriormente que dúzias de pacientes, incluindo três bebês prematuros, morreram por falta de combustível e suprimentos básicos durante um cerco de vários dias.
Jornalistas da Reuters não conseguem entrar em contato com ninguém dentro do hospital Al Shifa há mais de 24 horas.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi, em Gaza, e Emily Rose, em Jerusalém)