Por Sam Boughedda
Investing.com - Em um debate sobre a Tesla (NASDAQ:TSLA) (BVMF:TSLA34) realizado ontem pelo Investing.com em parceria com o Street Insider, o analista Gordon Johnson, da GLJ Research, e o cofundador e CEO da gestora Gerber Kawasaki, Ross Gerber, destacaram suas visões divergentes sobre a atual condição da fabricante de veículos elétricos e a direção futura das suas ações.
Gerber abriu a conversa dizendo que acredita que a perspectiva de alta para a Tesla “está mais intacta do que nunca”, apontando para o robusto caixa da companhia, a maior produção em duas novas Gigafactories e seu “predomínio total” no segmento de tecnologia e carregamento de baterias.
“A Tesla lidera as vendas de VEs em todo o mundo, com mais de 1,3 milhões de unidades faturadas, podendo superar 2 milhões neste ano", ressaltou Gerber.
“Agora que os descontos deixaram alguns modelos da marca mais acessíveis a uma nova gama de consumidores, o que houve foi uma disparada da demanda nas últimas semanas”, acrescentou o analistas, esclarecendo que os últimos dados mostram que os estoques recuaram drasticamente desde a implementação dos cortes de preços.
Além disso, Gerber declarou que a adoção dos VEs está crescendo a olhos vistos, com destaque para os EUA, que ainda estão atrás de outros mercados, mas podem registrar um grande avanço do segmento.
“A Tesla será como a Apple (NASDAQ:AAPL), capturando um grande percentual desse crescimento”, afirmou Gerber, que disse ainda que os VEs são veículos melhores do que os que utilizam motores à combustão interna.
O CEO da Gerber Kawasaki avalia que as ações da Tesla atingirão a faixa de US$ 150-200 no fim do ano, embora acredite que possam dobrar de valor para US$ 240 se houver uma boa execução.
Por outro lado, Johnson considera que a Tesla será negociada com um múltiplo de 6x a um LPA em torno de US$ 2, fazendo-a recuar para a cotação de US$ 12 por ação. O analista disse que “não poderia discordar mais” dos argumentos de Gerber e começou esclarecendo que as estimativas da sua gestora é que haja cortes de preços de cerca de US$ 7.250 em média em todos os veículos da Tesla.
“Se você olhar a margem de lucro por carro no 3º tri, ela ficou em torno de US$ 12.797. Eles acabaram de cortar os preços em US$ 7.250, o que faz com que essa margem caia para US$ 5.547”, explicou Johnson. “Estamos falando de um impacto de 56,7% na margem por conta desses descontos”.
Johnson disse ainda que, para a Tesla voltar para o lucro/ponto de equilíbrio, precisará aumentar as vendas em 167,2% ano a ano em 2023. “O que isso significa é que seu lucro bruto por veículo de quase 26% cairá para cerca de 12,5%”, complementou, explicando ainda que, em 2023, o LPA da Tesla pode “cair para em torno de US$ 2,18”, sendo que as estimativas atuais são de US$ 4,20.
“Estamos falando de uma empresa cujos lucros irão cair de 2022 para 2023 devido aos cortes de preços, sem considerar outros descontos de um pouco menos de 50%. Isso faria com que seu múltiplo prospectivo hoje ficasse em 58,2x”, adicionou Johnson.
“Trata-se apenas de uma empresa automotiva”, expressou o analista da GLJ, “não é uma empresa de crescimento mais”.