Desde agosto deste ano os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) estão liberados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para listagem e comercialização na B3 (SA:B3SA3). Em quase três meses, apenas três fundos tiveram suas listagens autorizadas e estão com suas cotas sendo negociadas na bolsa paulista, apesar de haver mais de 30 ofertas registradas para análise.
Com praticamente uma liberação por mês, a expectativa da B3 é que 2021 termine com pelo menos sete fundos listados. “Existem 20 fundos em processo de análise e listagem. Acreditamos que essa opção de investimento tem um bom apelo no varejo e pode atrair a Pessoa Física, já que o ticket de entrada é muito menor”, afirma Gabriela Shibata, gerente de produtos da B3.
O primeiro Fiagro a entrar em negociação foi o da Risa, com base em ativos imobiliários. Com uma captação de aproximadamente R$ 300 milhões, as cotas começaram a ser negociadas em meados de outubro a um valor de R$ 10. Há 10 dias, foi a vez da XP, que lançou o seu veículo de investimento, captando cerca de R$ 140 milhões e a cota sendo vendida a R$ 7,50. Apesar da diferença no valor inicial das cotas, a semelhança entre os dois está no fato de ambos priorizarem investimentos em ativos imobiliários.
Segundo Gabriela, a movimentação financeira dos dois fundos tem girado ao redor de R$ 1 milhão por dia. Para ela, o fato de ambos serem fundos imobiliários pode ser uma espécie de incentivo aos investidores Pessoa Física, por se assemelharem aos já conhecidos fundos imobiliários tradicionais.
No caso do fundo da Risa, listado há mais tempo, os investidores Pessoa Física representam 87% do total, ficando as instituições financeiras com 7,3%, institucionais 0,5%, estrangeiros 0,3% e outros, como fundos de pensão, 4,9%. Com menos tempo de negociação, o Fiagro da XP tem 75% de pessoas físicas. Em termos comparativos, a média dos fundos imobiliários listados na B3 possuem 67,4% de investidores Pessoa Física.
“Apesar do pouco tempo em negociação, conseguimos identificar que a participação da pessoa física nos Fiagros listados é maior que nos fundos imobiliários. De fato, o prazo de negociação ainda é curto, mas o mercado agro se mostra promissor”, afirma Gabriela.
Hoje, a JGP anunciou o início da negociação do seu primeiro Fiagro, com captação de aproximadamente R$ 85 milhões para aplicação em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e em outros Fundos de Investimentos em Direito Creditórios (Fidc). “Nossa intenção é oferecer aos nossos clientes uma alternativa eficiente, rentável e responsável para investir no agrobusiness brasileiro. O setor do agronegócio está na linha de frente da questão ambiental brasileira e a gente tem o dever de decidir onde o capital vai chegar com uma visão sobre as externalidades, da geração de empregos, de impactos sociais e ambientais positivos”, disse Alexandre Muller, sócio e gestor dos fundos de crédito da JGP.