Calendário Econômico: Fed é centro das atenções por motivos econômicos, políticos
Investing.com – Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a Selic para 13,25%, a perspectiva é de que os Fundos Imobiliários (FIIs) continuem pressionados, mas com algumas exceções, segundo Carolina Borges, head e analista de FIIs da EQI Research. Além disso, com o desconto em muitos ativos, investidores de médio e longo prazo podem encontrar oportunidades neste momento, em sua avaliação.
Em entrevista ao Investing.com Brasil, Borges destacou que o aumento na Selic anunciado ontem e a perspectiva de continuidade do clico de aperto já estariam precificados, em boa parte.
Com preocupações a respeito da desancoragem das expectativas, conforme últimas divulgações do Boletim Focus, a equipe monitora de perto eventuais mudanças no cenário que reflitam em alterações na alocação.
“Olhando apenas para os juros e para as projeções que nós temos aqui, esse aumento e o aumento agora de março já temos como certo, a não ser que haja alguma mudança significativa no cenário”.
Pressões e oportunidades
Nesse momento, os fundos de papel vão continuar tendo um bom carrego, segundo a especialista, com juros elevados tanto no primeiro semestre de 2025 quanto possivelmente no segundo semestre deste ano.
“Quando a gente fala de fundos de papel, fundos que tenham exposição direta ao CDI e também fundos com IPCA para pegar esses picos inflacionários que o mercado está prevendo para os próximos meses e ao longo de 2025, são os fundos que deverão remunerar diretamente o cotista em termos de proventos”, orienta a especialista.
Em relação aos investidores que buscam valorização patrimonial, Borges não enxerga gatilhos de curto prazo para muitos fundos, com a perspectiva de continuidade do ciclo restritivo.
Enquanto o juro continuar alto, o preço dos fundos imobiliários de tijolo deve continuar estável nos patamares atuais, para a especialista, que vê uma oportunidade neste momento, mas apenas se o investidor busca uma alocação para prazos mais longos.
“Hoje, o investidor consegue comprar esse fundo imobiliário a um preço um pouquinho mais barato, contratando uma receita futura maior em relação ao valor que está investindo. Então, para aquele investidor que tem um pensamento de médio a longo prazo, a gente vê que a janela de alocação é bastante positiva”.
Além dos fundos de tijolo, os FOFs e os multiestratégias que tenham cotas de outros fundos imobiliários na carteira também podem ser pressionados, em seu entendimento, pois eles apresentam um duplo desconto.
“Eles têm o desconto da estrutura do FOF e tem o desconto de mercado também. Esses fundos são mais voláteis do que a média de mercado e essa volatilidade é positiva e negativa. Em momentos bons de mercado, momentos de mercado otimista, de preços para cima, eles vão entregar retornos superiores à média. Em momentos de preços mais comprimidos, de preços mais pressionados, o retorno é abaixo da média”, detalha, alertando que estes fundos são para um investidor mais arrojado.
Taxação em foco
Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer a representantes do mercado imobiliário que o governo federal pretende alterar o texto da Reforma Tributária e não deve taxar operações de fundos de investimentos com títulos imobiliários, a especialista entende eventual ajuste como positivo.
“O Congresso deve vir a derrubar esse veto justamente porque, hoje, os fundos imobiliários são também grande parte das vias de financiamento, tanto via CRI e de absorção de novos imóveis, absorção do que a construção civil produz. Entendemos que, na verdade, isso seria contraproducente, pois acabaria reduzindo a arrecadação quando é analisada toda a cadeia, ao invés de aumentar”, conclui.