Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas em shopping centers em 2017 devem crescer acima do previsto pelo setor, após expansão de 2,5 por cento no primeiro trimestre, sinalizou nesta segunda-feira a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
Em janeiro, a entidade projetou uma expansão de 5 por cento nas vendas totais de 2017, superior à alta de 4,3 por cento observada em 2016, embora ainda abaixo dos aumentos de 6,5 por cento apurados em 2015 e de 10,1 por cento de 2014.
"Reavaliaremos ao fim do segundo trimestre, em junho, essa expectativa, e achamos possível ajustá-la para cima", afirmou presidente da Abrasce, Glauco Humai, em entrevista à Reuters.
Além do resultado do primeiro trimestre, o desempenho do Dia das Mães deste ano corrobora a chance de revisão para cima na estimativa, segundo ele.
A Abrasce apurou que as vendas relacionadas à data, considerada a segunda mais importante do varejo nacional, cresceram 6 por cento em comparação com período equivalente do ano anterior, enquanto o fluxo de visitantes subiu 8 por cento.
Humai também minimizou o impacto da crise política no resultado do setor, argumentando que a economia está em condições melhores que há um ano para atravessar as turbulências em Brasília, que se agravaram após delação de executivos da JBS (SA:JBSS3) e da sua controladora J&F Investimentos, envolvendo o presidente Michel Temer.
"Os indicadores macroeconômicos agora são melhores que na saída de Dilma (Rousseff) e, por mais que a recuperação seja mais lenta e a crise se prolongue, não será imediatamente que perderemos esses indicadores", disse.
Ele espera que a economia deva "entrar nos eixos" entre o último trimestre deste ano e o primeiro trimestre de 2018. Para o presidente da Abrasce, a antecipação de renovações de contratos pelos lojistas é um indicativo da confiança na melhora do quadro econômico.
Humai disse que, atualmente, os shopping centers respondem por cerca de 20 por cento do total de vendas no varejo brasileiro, mas que a Abrasce vê potencial para expandir esse percentual a 30 por cento nos próximos 15 a 20 anos, com a recuperação da economia.
Mesmo assim, a participação ainda ficaria abaixo de percentuais observados em países como Canadá (mais de 70 por cento) e Estados Unidos (cerca de 55 por cento), disse. "O Brasil não chega nesses números porque não tem um inverno rigoroso e a estrutura social também é diferente", ponderou.
Conforme a associação, três outlets e mais de 50 shoppings devem abrir as portas entre 2017 e 2019. Em meio à recessão econômica, os grandes grupos concentraram os esforços na aquisição de participação em shoppings nos quais já eram donos e na expansão de empreendimentos existentes.
Questionado sobre fusões e aquisições, Humai comentou que movimentos nessa direção devem levar algum tempo ainda. "Quem tem ativo dificilmente vai querer vender a preço baixo", explicou.
Quanto à expansão do comércio online, o presidente da Abrasce ressaltou que a associação vê o chamado 'e-commerce' como "aliado, e não adversário", mas que essa tendência pode ter impacto no mix de lojas e deve potencializar a oferta de serviços, atividades de lazer e entretenimento dentro dos shoppings.