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A Moro, Dilma diz que havia preocupação em salvar empresas da Lava Jato, punindo responsáveis

Publicado 27.10.2017, 17:42
© Reuters. A ex-presidente brasileira Dilma Rousseff durante evento em Montevidéu, Uruguai
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Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Em depoimento ao juiz Sérgio Moro como testemunha de defesa do ex-presidente da Petrobras (SA:PETR4) Aldemir Bendine, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que havia uma preocupação durante a sua gestão de criar uma legislação para se firmar acordos de leniência que punissem os responsáveis, mas "salvassem" as empresas.

“Nós tínhamos de fato uma preocupação pública em relação a construir as condições de leniência para que o processo tivesse punição dos responsáveis, mas que se salvassem as empresas de engenharia desse país", disse a petista.

Preso na Lava Jato, Bendine é réu em processo sob a suspeita de ter recebido 3 milhões de reais da Odebrecht para não prejudicar as demandas do grupo na Petrobras.

No depoimento, a ex-presidente destacou que as empresas estavam sofrendo com a investigação da operação Lava Jato porque estavam enfrentando "problemas" para retomar financiamentos internos e externos no país.

Dilma disse ainda que essa situação estava "comprometendo" os empregos gerados pelas empresas. Ela defendeu que era necessário punir os "malfeitos", mas preservar as empresas que são "produtos sociais".

A ex-presidente destacou que a discussão sobre a leniência era uma "questão presente no governo", mas frisou que o ideal era não punir as empresas, assim como ocorreu internacionalmente. Ela citou o exemplo da Siemens, multinacional alemã que reconheceu ter cometido crimes, mas continua operando. "Não se destruiu a Siemens", afirmou.

GRANDE INTERESSE

© Reuters. A ex-presidente brasileira Dilma Rousseff durante evento em Montevidéu, Uruguai

Dilma disse que a Odebrecht merecia "toda a atenção" do governo assim como todas as grandes empresas brasileiras. Mas ressalvou que em muitas vezes concordava e em outras tantas discordava da ação do grupo. Ela negou que a relação com a Odebrecht fosse estabelecida porque era um potencial financiador de campanha.

"Tínhamos uma relação de grande interesse, não porque eles contribuíssem ou não para a campanha, mas pela importância que o grupo tinha e acredito que ainda tem na economia brasileira", disse.

A ex-presidente afirmou ter chamado Bendine, que até o início de 2015 presidia o Banco do Brasil (SA:BBAS3), para comandar a Petrobras por dois motivos. O primeiro foi não ter conseguido demover mais a então presidente da estatal petrolífera, Graça Foster, de deixar o cargo. O segundo foi pelos resultados que Bendine conseguiu à frente do BB.

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