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Bolsonaro diz que reforma da Previdência deve começar pelo setor público

Publicado 04.12.2018, 19:49
© Reuters. Bolsonaro em Brasília

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta terça-feira que pode fatiar o envio de uma proposta de reforma da Previdência ao Congresso Nacional, que inicialmente deve contemplar mudanças nas regras para o setor público e também que preveja a adoção de uma idade mínima para o recebimento de benefícios, com diferentes idades para a aposentadoria de homens e mulheres.

Em entrevista coletiva, Bolsonaro disse que a tendência "bastante forte" é que a reforma comece pela adoção da idade mínima, ao considerar esse caminho como o "menos difícil" de ser aprovado pelos parlamentares.

"Nós queremos, sim, apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição, a começar pela Previdência pública e com chances de ser aprovado", disse.

"Não adianta você ter uma proposta ideal que vai ficar na Câmara ou no Senado. Aí acho que o prejuízo seria muito grande", acrescentou. "Então a ideia é por aí, começar pela idade, atacarmos os privilégios e tocar essa pauta para frente. A Previdência é uma realidade, ela cresce ano após ano e não podemos deixar o Brasil chegar à situação que chegou a Grécia para tomar uma providência."

Sem dar detalhes, Bolsonaro deu a entender que a ideia seria adotar uma proposta de idade mínima com a diferença de idade de aposentadoria entre mulheres e homens em 2 anos na reforma a ser encaminhada ao Congresso no seu governo.

No atual regime previdenciário, o contribuinte pode se aposentar sem idade mínima, com 35 anos de contribuição para homens e 30 anos para mulheres. Na modalidade que exige idade mínima, é necessário ter 15 anos de contribuição e 60 anos (mulher) e 65 anos (homem) na aposentadoria urbana.

A proposta enviada pelo governo do presidente Michel Temer, que está parada no Congresso, propõe a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens.

Após se reunir com deputados das bancadas do MDB e do PRB, o presidente eleito disse que "em grande parte" os parlamentares se mostraram dispostos a aprovar as propostas do seu governo.

"Até vamos inovar, antes de mandarmos qualquer projeto para a Câmara, vamos ouvir no Planalto as lideranças, vamos debater, debater com o quadro técnico deles para quando a proposta for para a Câmara já estará bastante debatida", disse.

Bolsonaro ressalvou, entretanto, que não há alinhamento automático de partido e que não é isso que busca.

"Nós buscamos é o entendimento. É o que eu tenho falado para eles, posso não saber a fórmula do sucesso, mas do fracasso é essa que foi usada até o momento, é distribuir ministérios, bancos para partidos políticos, isso não deu certo", afirmou.

Em tom de brincadeira com um repórter que perguntou o que ofereceu aos partidos, se foi "carinho" e "atenção", o presidente eleito respondeu "muito amor".

"Olha só, desculpa a brincadeira, conheço você há algum tempo. Nós aceitamos aqui indicações da bancada da agricultura, da bancada também da saúde, isso aí é interesse de grande parte dos parlamentares, ali tem parlamentar de tudo quanto é partido. Nós temos falado aqui, nessas duas reuniões, que os ministérios estão abertos aos parlamentares, nenhum pedido deles desde que não seja ilegal e impossível de ser atendido deixará de ser atendido", disse.

© Reuters. Bolsonaro em Brasília

Sobre as emendas parlamentares, o presidente eleito indicou que se elas são impositivas não se deveria postergar seu pagamento. "Acho que o deputado tem que ter a sua emenda liberada o mais rápido possível."

(Reportagem de Ricardo Brito)

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