Dólar sobe puxado por exterior com mercado à espera de novidades sobre tarifaço
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), defendeu a manutenção das atuais tarifas sobre o etanol importado dos EUA. Em entrevista ao videocast do jornal Folha de S. Paulo, disse haver equilíbrio na relação comercial entre os 2 países, envolvendo o etanol norte-americano e o açúcar brasileiro, partes da mesma cadeia produtiva da cana.
“As taxas do etanol têm de ser mantidas. Há um equilíbrio na balança comercial hoje entre o Brasil e os Estados Unidos. Se o ponto central fosse esse, nós já estaríamos conversando especificamente sobre ele na mesa com o presidente [dos EUA, Donald] Trump”, afirmou Silveira.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para conduzir as negociações com os EUA depois que o presidente Donald Trump (Partido Republicano) anunciou a imposição de 50% de tarifa sobre os produtos brasileiros.
O governo norte-americano já demonstrou desconforto em relação às tarifas brasileiras de 18% sobre o etanol, e abriu investigação sobre o assunto, mencionando “discriminação regulatória”.
“É extremamente natural que a gente dialogue sobre todos os produtos, coloque todos na mesa. [Mas] é fundamental que a gente defenda o que temos de mais competitivo”, disse Silveira.
“O etanol é muito importante e fortalece muito a cadeia produtiva do agronegócio brasileiro. É um produto que, naturalmente, vou defender que se mantenha a estabilidade da taxa, até porque o etanol é muito importante para o Nordeste brasileiro”, afirmou.
Sobre as ameaças do governo Trump de retaliar os países, como o Brasil, que compram petróleo ou derivados russos, o ministro avaliou que “não seria correto” proibir a importação desses produtos.
“A Petrobras (BVMF:PETR4) é uma empresa de capital aberto, listada na Bolsa de Nova York, portanto ela tem restrições objetivas. Agora, as empresas que não são listadas no mercado americano têm a liberdade de importar conforme a relação comercial com os países. Temos uma dependência de 21% de importação de diesel, e 64% é russo. Entendo que essas companhias têm de continuar com a liberdade de importarem o diesel russo. Isso facilita que a gente tenha um preço médio na bomba de combustível aqui no Brasil mais baixo”, afirmou.
O Brasil praticamente dobrou suas importações de produtos russos desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. O gasto foi de US$ 6,2 bilhões em 2021 para US$ 12,2 bilhões em 2024. O aumento foi constante tanto no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto no do presidente Lula.