Trump atinge o Brasil com tarifas de 50%, mas exclui aeronaves, suco de laranja e energia
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou nesta 3ª feira (29.jul.2025) que o governo pode tentar uma conversa “sem vira-latismo” entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano).
O tema mais importante a ser tratado entre ambos será o tarifaço. Faltam 3 dias para que a taxa de 50% sobre as importações brasileiras entre em vigor. O anúncio da alíquota foi em 9 de julho. Passaram-se 20 dias e o petista ainda não ligou para o chefe dos EUA.
Algumas autoridades brasileiras buscam negociações. É o caso do vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), que comanda um comitê sobre o tema.
Senadores foram aos Estados Unidos no fim de semana, mas chegaram lá sem compromisso marcado com representantes da Casa Branca.
Haddad disse que esse tipo de movimento serve para “azeitar o caminho” entre Lula e Trump.
“Vocês presenciaram várias conversas que não foram respeitosas. Tem que haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que ambos se sintam valorizados na mesa de negociação, não haja um sentimento de vira-latismo”, declarou o ministro da Fazenda a jornalistas em Brasília.
Haddad não mencionou nenhum exemplo de conversa desrespeitosa, mas Trump acumula alguns casos lidos dessa maneira. O maior destaque do 2º mandato foi quando bateu-boca com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca em março.
HADDAD CRITICA BOLSONARO
Trump apoia Jair Bolsonaro (PL). Citou o julgamento contra o ex-presidente brasileiro no STF (Supremo Tribunal Federal) como um dos motivos para o início da taxação.
Ao falar sobre o “vira-latismo”, Haddad aproveitou para criticar Bolsonaro. Disse que ele foi “subserviente” aos Estados Unidos enquanto era chefe do Executivo.
“O Bolsonaro tinha um estilo muito subserviente. Isso não está na altura do Brasil. Foi o presidente mais subserviente da história do Brasil. Vamos virar a página da subserviência e, com muita humildade, se colocar à mesa, mas respeitando os valores do nosso país”, declarou o ministro da Fazenda.
Entenda os termos:
- vira-latismo – uma referência ao chamado “complexo de vira-lata”, descrito como sentimento de inferioridade do brasileiro em relação ao que vem do exterior;
- subserviência – atitude de quem busca servir ou atender as necessidades de terceiros.
Apesar das menções políticas, os Estados Unidos também apontaram justificativas econômicas para a medida.
Desde março, o país tem acusado o Brasil de adotar práticas protecionistas, como barreiras burocráticas e altas taxas sobre produtos importados norte-americanos, baseando-se em dados oficiais de comércio bilateral.