BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff ficou "indignada" com a suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), revelada pela revista IstoÉ, e fez a avaliação de que as acusações apontadas na publicação como sendo de autoria do senador "não param em pé", disse nesta quinta-feira o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo.
Cardozo, que antes de assumir a AGU nesta quinta comandava o Ministério da Justiça, deu uma longa entrevista coletiva em Brasília para rebater os pontos da suposta delação de Delcídio e afirmou que, se confirmada, as acusações do parlamentar buscam envolver Dilma em um "conjunto de mentiras" e são uma retaliação de Delcídio.
"A presidente reagiu com indignação", disse Cardozo ao descrever a reação de Dilma à matéria da IstoÉ. "Lemos junto (a matéria) e (a delação) não para em pé", disse Cardozo.
Durante a entrevista coletiva, o ministro da AGU buscou desacreditar Delcídio por várias vezes, voltando a afirmar que o senador "não tem credibilidade" e afirmando que nos meses antes de ser preso acusado de tentar obstruir a Lava Jato, o parlamentar ia frequentemente ao Ministério da Justiça denunciar a Cardozo supostos abusos nas investigações da operação pedindo a intervenção do ministro.
"Reafirmo o seguinte: o governo Dilma Rousseff não interveio nas investigações da Lava Jato", garantiu Cardozo.
O ministro citou reportagens publicadas na imprensa de que Delcídio teria ameaçado se vingar daqueles que, na visão dele, não o ajudaram a sair da cadeia, onde ficou preso por quase 90 disas, e sugeriu que o senador teria feito a delação premiada para poder sair da prisão.
Delcídio foi preso em novembro acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato. Ele foi flagrado em uma gravação oferecendo dinheiro, influência política e até uma rota de fuga do país para beneficiar o ex-diretor da Petrobras (SA:PETR4) Nestor Cerveró em troca do silêncio dele na Lava Jato.
Em nota divulgada nesta quinta, o senador e seu advogado, Antonio Augusto Figueiredo Basto, disseram que "não confirmam" o conteúdo da matéria da IstoÉ e alegaram que não conhecem a origem e nem reconhecem a autenticidade dos documentos mostrados na reportagem da revista.
(Por Leonardo Goy; Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu, Maria Carolina Marcello e Eduardo Simões, em São Paulo)