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O vice-presidente do Bureau da COP Juan Carlos Monterrey Gómez criticou a organização brasileira para a COP30 na 6ª feira (22.ago.2025). Ele classificou os altos preços das acomodações como uma “insanidade” e um “insulto” e falou que há falta de respeito por parte do governo Lula.
A declaração foi feita em seu perfil no LinkedIn depois de uma reunião entre autoridades brasileiras e do Bureau da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). O encontro foi o 3º entre as partes nos últimos 2 meses.
“Estou absolutamente impressionado, e francamente confuso, que pela 3ª vez vez neste Bureau, todas as regiões do mundo falaram com uma só voz à presidência brasileira eleita e ainda assim nossas palavras parecem entrar por um ouvido e sair pelo outro”, escreveu.
As diárias de hospedagem em Belém (Pará), local onde o evento será realizado, estão entre 200% e 400% acima do valor de subsistência estabelecido pela ONU, atualmente fixado em US$ 144. Segundo Gómez, houve um parecer formal que cita a possibilidade de mudança da cidade-sede.
O governo brasileiro informou que há mais de 2.600 quartos disponíveis na faixa de até US$ 600, além dos 2.500 já garantidos às delegações. Ainda assim, mais de 70% das delegações ainda não fizeram reservas.
Medidas para tentar solucionar os problemas também foram anunciadas, incluindo a redução do período mínimo de reservas de 15 para 10 dias e a disponibilização de 15 quartos individuais com diárias de US$ 100 a US$ 200 para países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares.
Para os países desenvolvidos e outras delegações, foram oferecidos 10 quartos individuais com valores de US$ 200 a US$ 600.
Eis a tradução da publicação:
“Hoje, pela 3ª vez em 2 meses, o Bureau da COP da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima se reuniu para tratar das crescentes preocupações em relação à logística da COP30. Mais uma vez, apresentei a situação de forma clara e direta. A resposta da presidência que assumirá foi de que eu não entendia as regras de procedimento, de diplomacia, que minhas palavras eram “inaceitáveis” e que a cidade-sede não seria alterada.
Mas o que é verdadeiramente inaceitável é fingir que está tudo bem enquanto as delegações enfrentam condições impossíveis. Se dizer a verdade me torna “indiplomático”, então talvez a diplomacia precise de menos polidez e mais honestidade. Abaixo está a transcrição completa da minha intervenção, para que você decida se minhas palavras foram inaceitáveis ou simplesmente a verdade.
“Estou completamente perplexo e, francamente, confuso, que pela 3ª vez neste Bureau, todas as regiões do mundo tenham falado com uma só voz à presidência brasileira que está assumindo, e ainda assim nossas palavras parecem entrar por um ouvido e sair pelo outro. Parece que estamos vivendo em uma realidade alternativa toda vez que participamos dessas reuniões. Não só isso, nosso tempo está sendo desperdiçado, e estamos sendo feitos de tolos.
Mais de 70% das delegações não reservaram acomodação. Esse único número diz tudo: os arranjos atuais são impossíveis. As opções estão entre 200% e 400% acima da diária de subsistência da ONU, e simplesmente não são viáveis.
Não se trata apenas de quartos de hotel. Trata-se de levarmos a sério este processo internacional. De respeitarmos uns aos outros. De nos respeitarmos. No momento, não estamos fazendo nenhuma dessas coisas.
As delegações, de todas as regiões, estão sendo solicitadas a pagar tarifas exorbitantes e não reembolsáveis dentro de pacotes rígidos que não podem ser modificados. As faturas devem ser pagas em 3 dias, independentemente dos processos de aprovação nacionais. As informações chegam de forma fragmentada, as delegações estão dispersas, a coordenação se torna impossível. Isso não é um simples contratempo logístico. Isso é insanidade e insulto.
Uma pesquisa conduzida pelo Secretariado de Mudanças Climáticas da ONU confirmou o que já sabíamos: o desconforto e a frustração são esmagadores. Como vice-presidente do bureau, peço ao secretariado que forneça aconselhamento formal e por escrito sobre alternativas e sobre o processo pelo qual este bureau pode solicitar formalmente à presidência da COP uma mudança da cidade-sede. Porque não podemos sediar uma COP em condições que excluam a participação e violem os princípios centrais do multilateralismo.
Viemos aqui para construir confiança e soluções. Em vez disso, nos oferecem desculpas e absurdos””.