RIO DE JANEIRO (Reuters) - O atual presidente da Petrobras (SA:PETR4), Ivan Monteiro, poderá ser indicado para comandar o Banco do Brasil (SA:BBAS3), afirmou nesta segunda-feira o presidente eleito Jair Bolsonaro.
"Talvez ele vá para o Banco do Brasil, mas não tenho certeza", disse Bolsonaro a jornalistas na porta do condomínio onde mora, no Rio de Janeiro, numa tumultuada entrevista.
Monteiro deixará a Petrobras, a partir de 1º de janeiro, uma vez que a equipe de Bolsonaro indicou para o cargo nesta segunda-feira o economista Roberto Castello Branco.
O Banco do Brasil enviou comunicado ao mercado afirmando que seu controlador, o governo federal, não se manifestou sobre uma possível mudança no comando da instituição financeira.
"Não houve manifestação do acionista controlador sobre a intenção da Presidência da República em exercer sua prerrogativa", afirmou o BB.
Uma fonte próxima à transição disse à Reuters que tem pesado na decisão de deslocar Monteiro para o Banco do Brasil a eventual força que ele teria para levar adiante uma política de enxugamento de estruturas da instituição. A avaliação é que ele poderia ter dificuldades para mexer em peças importantes do BB, onde fez carreira antes de seguir para a Petrobras juntamente com Aldemir Bendine.
No mercado e dentro do próprio banco, há quem duvide do ímpeto dele de levar a cabo um processo de fusão e racionalização de custos do BB, disse a fonte, que pediu anonimato. É a chamada "lealdade corporativa", definiu. Por isso, na equipe de transição cogita a possibilidade de escolher outro nome que tenha tido experiência no mercado e sem ligações com o banco para comandar o BB no governo Bolsonaro.
As ações do banco subiam 1,6 por cento às 16h21, horário de Brasília, enquanto o Ibovespa (BVSP) tinha baixa de 1,3 por cento.
Na semana passada, fonte da campanha de Bolsonaro afirmou à Reuters que a indicação para o comando do BB estava sendo fechada e deveria ser anunciada em breve.
Monteiro assumiu o comando da Petrobras em junho deste ano, com mandato até 26 de março do próximo ano, após renúncia de Pedro Parente em meio a fortes pressões política relacionadas à política de preços dos combustíveis no país na sequência da greve dos caminhoneiros, em maio.
A presidência do Banco do Brasil estava nas mãos de Paulo Caffarelli até o final de outubro, quando o executivo renunciou para assumir o comando da empresa de meios de pagamento Cielo (SA:CIEL3).
Profissionais da área de renda variável afirmaram que o retorno de Ivan Monteiro ao BB seria uma notícia positiva, dado seu histórico eficiente no banco, onde ocupava a vice-presidência de Gestão Financeira e de Relações com Investidores até 2015, quando assumiu a diretoria Financeira da Petrobras.
(Por Rodrigo Viga Gaier, Com reportagem adicional de Paula Arend Laier em São Paulo e Ricardo Brito em Brasília)