BRASÍLIA (Reuters) - O mercado de capitais pode não estar apto para receber as ofertas de ações da Caixa Seguridade e do IRB Brasil, além dos leilões de hidrelétricas, disse nesta quinta-feira o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive.
Segundo ele, se houver frustração de receita devido ao adiamento dessas operações, o governo pode fazer novo contigenciamento de gastos para buscar a meta de superávit primário do ano.
"Os processos estão em andamento do IRB, Caixa Seguridade e a questão da energia elétrica, mas sabemos que as condições de mercado afetam projeções (das receitas a serem arrecadadas)".
"Se assim ocorrer e o mercado na verdade se mostrar não tão apto a esse tipo de operação, temos que rever novamente nossas projeções e fazer o contingenciamento necessário para o atingimento da meta", acrescentou.
A meta de superávit primário do setor público é de 8,747 bilhões de reais, ou 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, mas com o aprofundamento da recessão e gastos elevados, o governo não consegue sair da espiral do déficit primário desde o ano passado, tornando cada vez mais provável o cenário de contas novamente no vermelho.
Em 12 meses encerrados em julho, a economia de despesa para pagamento dos juros da dívida pública estava negativa na proporção de 0,89 por cento do PIB.
Para sair do déficit, o governo conta com receitas da abertura de capital da Caixa Seguridade e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e também com os leilões de renovação de usinas hidrelétricas. Contudo, com a forte deterioração da economia e alta volatilidade, a equipe econômica vê um cenário mais adverso para realização dessas operações.
(Reportagem de Luciana Otoni)