RIO DE JANEIRO (Reuters) - Policiais federais cumprem na manhã desta quinta-feira mandados de busca e apreensão em um apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Rio de Janeiro e em gabinetes de parlamentares no Congresso Nacional, em um desdobramento da operação Lava Jato, segundo a emissora Globonews.
Imagens do canal de televisão mostraram agentes da PF entrando em um prédio de frente para a praia de Ipanema onde Aécio, que também é o presidente do PSDB, tem um apartamento, segundo a Globo. O local estava vazio e a polícia precisou da ajuda de um chaveiro para ingressar, acrescentou.
A operação foi deflagrada depois que Aécio foi gravado pedindo 2 milhões de reais ao empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS (SA:JBSS3), segundo reportagem do jornal O Globo na quarta-feira confirmada à Reuters por três fontes. [nL2N1IK04L]
A Polícia Federal também cumpre mandados nesta manhã no Congresso Nacional, onde faz buscas nos gabinetes de Aécio, do também senador Zezé Perrela (PMDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), de acordo com a Globonews.
Um ex-assessor do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) também está entre os alvos da ação no Rio de Janeiro, segundo a emissora.
Agentes da PF também realizam buscas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo como alvo a Procuradoria-Geral Eleitoral, informou o TSE.
Procurada, a Polícia Federal disse que irá se manifestar "assim que for possível".
Segundo reportagem do jornal O Globo de quarta-feira, confirmada pela Reuters com três fontes com conhecimento do assunto, o empresário Joesley Batista gravou um pedido de dinheiro de Aécio e a cena foi filmada pela Polícia Federal.
Aécio, que até recentemente era apontado como possível candidato à Presidência nas eleições de 2018, já teve o nome mencionado em delações da Lava Jato e tem perdido força quando se trata da disputa nacional, o que deve se agravar com a nova ação.
Em nota sobre a reportagem, o senador disse estar "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos" e afirmou que sua relação com o empresário era "estritamente pessoal".
A reportagem de O Globo também afirma que Joesley Batista gravou uma conversa com o presidente Michel Temer em que o presidente dá aval para a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha. Na conversa, Temer também indica ao empresário o deputado Rocha Loures para resolver um assunto da J&F, holding que controla a JBS.
Loures, de acordo com o jornal, foi filmado recebendo 500 mil reais enviados por Joesley.
Em nota, a assessoria do deputado disse que ele estava fora do país e que, quando retornar, o que deve acontecer nesta quinta-feira, "deverá se inteirar e esclarecer os fatos divulgados".
Temer, também em nota, negou que tenha pedido o pagamento para conseguir o silêncio de Cunha ou tenha autorizado qualquer movimento nesse sentido. "O presidente jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar", disse a assessoria de imprensa da Presidência.
(Por Pedro Fonseca; Reportagem adicional de Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu, em Brasília)