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Arena do Pavini - Tudo indica que Jair Bolsonaro, do PSL, deve ser eleito presidente da República no dia 28, ou pode-se considerá-lo como o favorito, avalia José Pena, economista-chefe da Porto Seguro (SA:PSSA3) Investimentos. “Nunca em uma eleição presidencial de dois turnos o vencedor do primeiro turno perdeu eleição, e além disso, a distância entre a votação de Bolsonaro e o nível que dá a vitória é bastante pequeno”, afirma. Bolsonaro teve 46% dos votos vários e precisaria ter 50% mais um voto para vencer.
Isso significa uma migração de votos de demais candidatos relativamente modesta e bastante factível, acredita o economista. Já Fernando Haddad, do PT, teria de capturar uma parcela muito maior do eleitorado, o que Pena considera “bastante improvável”.
Para o economista, o perfil do eleitor mediano que emergiu do primeiro turno também está mais alinhado com Bolsonaro. Basta olhar o perfil do Congresso e os governadores. “É mais fácil, com esse eleitor mediano, Bolsonaro conseguir os votos que o Haddad”, diz. Há ainda a polarização política, entre esquerda e direita, que deve provocar um aumento dos votos em branco e abstenções, o que favorece o candidato que está na frente, pois diminui a quantidade de votos necessários para a vitória. “Os votos nulos baixam a régua dos votos necessários”, explica.
Pena não espera uma campanha de segundo turno tranquila ou pautada pelo debate de propostas. “Vamos ver mais tentativas de desconstrução dos adversários que debate de ideias”, afirma. O perfil de Congresso que foi eleito também parece que será mais conservador em termos de costumes que o atual. Mas o economista não tem a mesma convicção sobre o liberalismo econômico dos novos parlamentares. “No caso da Previdência, por exemplo, não acho que o novo Congresso não vai aprovar uma reforma, mas a abrangência e a profundidade que essa reforma terá será menor que o esperado”, acredita. “Será mais fácil avançar na privatização, na simplificação e até na redução de carga tributária que, que demandam maioria simples, de 250 votos na Câmara, do que tentar aprovar temas mais complexos que precisam de 308 votos”, afirma.
Para o economista, será mais fácil aprovar essas medidas até porque elas terão menor resistência popular, pois não estão ligadas ao dia a dia das pessoas. E uma parcela importante de deputados e senadores é formada por empresários, que tem interesse em avançar nessa agenda mais imediata. “Não se trata de descrença na agenda de reformas, mas talvez essa agenda seja mais modesta do que se gostaria”, diz.
Nesse ponto, ele acredita que a reforma da Previdência já aprovada na Câmara dos Deputados, mais modesta que a original elaborada pelo governo de Michel Temer, seja resgatada pelo futuro presidente. “Acho pouco provável que essa reforma seja retomada este ano, ainda neste governo, como sugeriu Temer, mas é até razoável que o projeto seja resgatado, pois ele reflete um certo consenso do Congresso que está saindo e alguns passos no debate político seriam economizados”, afirma Pena. “A proposta é muito aquém do necessário, mas é melhor que nenhuma, tem a idade mínima, por exemplo, e o futuro presidente não começa do zero”, explica.
Por Arena do Pavini