Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A venda de ativos nas gigantes estatais do setor de energia do Brasil --Petrobras e Eletrobras-- é fruto de "pragmatismo do momento", em que o governo tem se empenhado também para atrair investidores para o país, disse à Reuters o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão de planejamento do Ministério de Minas e Energia, Mauricio Tolmasquim.
"No momento, você precisa desses recursos... é uma questão muito mais pragmática do que qualquer questão ideológica. A Petrobras (SA:PETR4) tem que reduzir seu endividamento e a Eletrobras (SA:ELET3) precisa do capital privado também investindo", disse Tolmasquim.
A Petrobras espera obter 15,1 bilhões de dólares com desinvestimentos até o final de 2016, enquanto a Eletrobras pretende vender suas subsidiárias de distribuição de energia, a começar pela Celg, de Goiás.
Questionado sobre fala do presidente da CPFL Energia (SA:CPFE3), Wilson Ferreira Jr, que disse na sexta-feira apostar em um novo ciclo de venda de estatais no país, devido aos efeitos da atual crise econômica sobre o caixa de Estados e municípios, Tolmasquim disse que privatização não é "uma palavra proibida" para o governo.
"Estamos querendo atrair o capital privado para os setores. O nome que vai se dar a isso, se é privatização, se é concessão... na verdade, é atrair o capital privado para investir", disse Tolmasquim.
O presidente da EPE afirmou que realizou apresentações em Londres, Nova York e Frankfurt para apresentar a empresários a agenda de investimentos do país em energia, mas com foco em novos projetos, e não nas vendas de ativos.
"O motivo da viagem foi esse, trazer investidores externos... mas sobretudo, a atração é para (projetos de) novas usinas e novas linhas de transmissão", apontou.
Tolmasquim disse que houve grande interesse nas palestras e também em reuniões realizadas pelo governo com empresas e fundos, e revelou que há tanto investidores com apetite por projetos no Brasil quanto empresas interessadas em oferecer financiamentos para o setor.
"O volume de obras que está sendo planejado é muito grande, então, independente da Eletrobras, que vai participar (dos investimentos), a gente precisa de outros atores também", afirmou.
LEILÃO DE HIDRELÉTRICAS
O presidente da EPE também revelou otimismo com o leilão de hidrelétricas existentes que o governo promove em 25 de novembro, no qual há a expectativa de arrecadar até 17 bilhões de reais para os cofres públicos com a cobrança de bônus de outorga junto aos vencedores.
"Todos os lotes (de usinas ofertadas) vão sair. E em alguns deve ter competição, inclusive", disse Tolmasquim.
O certame ofertará 29 hidrelétricas, das quais as mais visadas pelos investidores são as de Jupiá e Ilha Solteira, cuja concessão pertencia à estatal paulista Cesp (SA:CESP5), que sozinhas respondem por 13,8 bilhões em bônus de outorga.
As usinas estão no alvo de grandes elétricas, como as chinesas State Grid e Three Gorges, além da italiana Enel (MI:ENEI), que participará com a controlada Endesa Chile.