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Sindicatos querem indenização da Eletrobras por fala de CEO sobre "vagabundos"

Publicado 28.02.2018, 16:03
Sindicatos querem indenização da Eletrobras por fala de CEO sobre "vagabundos"
ELET3
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Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Sindicatos de funcionários da Eletrobras (SA:ELET3) entraram com uma ação na Justiça em que cobram um indenização milionária da companhia devido a declarações do presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr., que em meados do ano passado acusou parte dos empregados da empresa de serem "vagabundos".

A iniciativa liderada pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) vem em meio a um forte acirramento das críticas de sindicalistas à gestão da Eletrobras e ao governo federal, em meio a preparativos em andamento para a venda de ativos da elétrica e sua posterior privatização.

O processo judicial, visto pela Reuters, pede uma indenização de 1 milhão de reais para a FNU e mais ao menos 600 mil para cada sindicato incluído na ação judicial --já são 15 até o momento. Além disso, a federação quer indenização por dano moral de 40 salários mínimos por trabalhador sindicalizado.

Se aceito o pedido, seriam cerca de 38 mil reais por trabalhador --não é possível saber quantos funcionários são sindicalizados, mas a Eletrobras conta com cerca de 23,3 mil empregados diretos em seu quadro. Se todos fossem ligados a sindicatos, a conta total chegaria a quase 900 milhões de reais.

A polêmica que levou ao processo surgiu após uma reunião em junho de 2017 entre o presidente da Eletrobras e sindicalistas, que vazou para a imprensa, na qual Ferreira teceu duras críticas ao que chamou de "privilégios" na companhia estatal.

"São 40 por cento da Eletrobras, 40 por cento de cara que é inútil, não serve para nada, ganhando uma gratificação, um telefone, uma vaga de garagem, uma secretária. Vocês me perdoem. A sociedade não pode pagar por vagabundo, em particular, no serviço público", disse Ferreira em um dos áudios, publicados pela primeira vez pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Ferreira já disse que seus planos de reestruturação para a companhia preveem reduzir o quadro de funcionários em quase 50 por cento.

O diretor de Energia da FNU, Fernando Pereira, disse em nota à Reuters que as falas do presidente da companhia não foram compatíveis com o código de conduta da alta administração federal.

"A ação foi proposta pela FNU e o alvo é a empresa. Ela que responde pela conduta de seu presidente... que atribuiu aos trabalhadores a pecha de 'safados', 'inúteis' e 'vagabundos', tendo inclusive sendo advertido por essas declarações pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República", afirmou.

Em caso de vitória na ação milionária, os sindicatos ainda precisarão definir para onde serão direcionados os recursos.

"A indenização, caso as entidades sindicais sejam vitoriosas no processo, destina-se a viabilizar a promoção de ações específicas voltadas à efetiva reconstituição da lesão perpetrada (aos trabalhadores). Essas ações são pensadas pelas entidades", afirmou Pereira.

Após a polêmica em relação às declarações, Ferreira gravou um vídeo para um canal interno da Eletrobras em que pediu desculpas aos funcionários. Ele também convocou uma coletiva de imprensa para dizer o mesmo e defender que busca recuperar a produtividade e a eficiência da companhia.

O governo do presidente Michel Temer divulgou em agosto passado planos de privatizar a Eletrobras, em um processo que as autoridades querem concluir ainda neste ano.

A estatal voltou a operar no verde em 2016, com lucro de 3,4 bilhões de reais, após acumular mais de 30 bilhões em prejuízos desde 2012, após ser envolvida em um plano da então presidente Dilma Rousseff para reduzir as contas de luz.

Procurada, a Eletrobras não quis comentar o assunto.

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