BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Michel Temer deixou nesta segunda-feira o comando do dia a dia da articulação política do governo da presidente Dilma Rousseff e passará a se concentrar apenas em temas maiores da articulação, disseram à Reuters fontes próximas ao setor no Planalto.
Segundo essas fontes, com a mudança Temer deixará de tratar das negociações de cargos e emendas com parlamentares, e passará a se concentrar somente no que uma das fontes chamou de "macropolítica". A saída do vice do comando do dia a dia da articulação não implica em rompimento dele com o governo Dilma, disseram essas fontes.
O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, também do PMDB, que vinha auxiliando Temer nesse trabalho, continuará na articulação até o final do mês para fazer uma transição, de acordo com a mesma fonte.
A ideia, segundo uma das fontes, é que Padilha conclua até lá todas as negociações sobre cargos e emendas parlamentares. Após isso, ele deixará a articulação e se concentrará nas atividades do Ministério da Aviação Civil.
Entre os temas "macro" que passarão a ter a atenção de Temer, de acordo com essa fonte, está a reforma administrativa anunciada nesta segunda pelo governo, que deve incluir a redução do número de ministérios dos 39 atuais para 29 pastas. Temer deverá ajudar Dilma nessa negociação e, após a reforma, a atual correlação de forças na Esplanada deverá ser mantida.
O vice assumiu a articulação política em abril deste ano em meio às dificuldades do governo no Congresso e à necessidade de aprovar medidas impopulares de ajuste fiscal, como as que restringem acesso a benefícios previdenciários e trabalhistas.
No entanto, ele vinha se manifestando cada vez mais, em conversas classificadas por pessoas próximas a ele como "desabafos", sobre as dificuldades que vinha enfrentando para exercer as funções de articulador dentro do governo.
Entre esses obstáculos, segundo uma outra fonte próxima ao setor de articulação do governo, estavam dificuldades com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
O primeiro tem criado empecilhos para a liberação de emendas a parlamentares aliados e o segundo, ainda de acordo com essa fonte, tem represado as nomeações de cargos de indicação por membros da base.
Outras fontes ligadas à base aliada afirmam que Temer gostaria de estar envolvido na articulação "macro" e que está cansado de tratar do dia a dia das negociações políticas com o Congresso.
(Reportagem de Leonardo Goy)