Um mês de Temer: Economia se descola do “toma-lá dá-cá” político

Publicado 10.06.2016, 20:07
Atualizado 10.06.2016, 20:50
Um mês de Temer: Economia se descola do “toma-lá dá-cá” político

Índices de confiança começam a sugerir recuperação da economia brasileira (José Cruz/Agência Brasil)

SÃO PAULO – Os primeiros 30 dias da gestão do presidente interino Michel Temer mostram um descolamento entre a economia e a crise política e estimulam a confiança dos economistas e investidores sobre uma pauta positiva para retomar o crescimento econômico.

“Os primeiros 30 dias de Temer podem ser resumidos assim: guinada total na área econômica, mais do mesmo na área política”, avalia Monica de Bolle, economista do Peterson Institute for International Economics, em entrevista a O Financista.

Um dos poucos índices já publicados no período de transição, a confiança do consumidor medida pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostrou avanço no mês de maio. O índice de indicadores antecedentes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para o Brasil subiu de 98 pontos para 98,3 pontos.

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“A economia brasileira atingiu o fundo do poço e começa a olhar para cima. O medo do alçapão no fundo do poço se desfez”, destaca Otaviano Canuto, atual diretor-executivo do país no FMI (Fundo Monetário Internacional), mas que está de mudança para o seu cargo antigo no Banco Mundial, a O Financista.

A leve alta de 0,1% na produção industrial de abril, aliada ao resultado do PIB melhor que o esperado no primeiro trimestre (-0,3%), dá sinais de uma retomada. “O lado real da economia já está apostando nisso”, disse Cristiano Oliveira, do banco Fibra. Segundo ele, a volta da confiança na política monetária, junto com a política fiscal, vai permitir o juro a ter um dígito ano que vem.

Mercados

Para Roberto Indech, analista da Rico Investimentos, o mercado ainda está ressabiado com a votação no Senado Federal sobre o afastamento definitivo da presidente afastada, Dilma Rousseff. Segundo ele, há ainda um importante fluxo de capital estrangeiro esperando essa definição. “O mercado gosta de clareza e incerteza acaba gerando volatilidade”, avalia.

Indech vê ativos interessantes para os próximos dois anos de um eventual governo Temer, como as ações do Itaú (SA:ITUB4) e Cielo (SA:CIEL3). “A outra área seria o varejo e administradoras de shopping centers e com a queda da taxa de juros”, ressalta.

Política

Apesar do descolamento da economia, Monica entende que, do lado político, nada mudou. "Temos o mesmo modelo toma-lá dá-cá, modelo que caracteriza a própria experiência política do presidente interino."

"Além disso, as novas revelações da Lava-Jato não deixam dúvidas de que o ambiente político tóxico pode sempre tornar-se mais tóxico, o que prejudica a capacidade de aprovação dos planos de Temer-Meirelles no Congresso. Enquanto prevalecerem as incertezas políticas, temo ser difícil avançarmos com a celeridade necessária na área econômica. Resta ver quão habilidoso será Temer para lidar com as inevitáveis frustrações do mercado", afirma a economista.

Segundo Canuto, vale lembrar que, diferentemente do passado recente, há na nova equipe uma autonomia relativa da política econômica em relação às turbulências do lado político. "A base de apoio do governo tem um alerta para tocar para frente a agenda econômica que atende a economia como um todo", diz.

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