O Brasil pode tomar a posição dos Estados Unidos como maior exportador de algodão no mundo na safra 2023/24. O USDA (sigla em inglês para Departamento de Agricultura dos EUA) revisou para baixo sua projeção de exportações do produto nesta 3ª feira (12.set.2023). Ao mesmo tempo, o órgão federal norte-americano estima que as vendas de algodão brasileiro devem subir. Eis a íntegra do relatório (PDF – 906 kB, em inglês).
Anteriormente, os EUA tinham a expectativa de vender ao mercado externo cerca de 12,5 milhões de fardos de algodão, mas condições climáticas desfavoráveis no Texas, principal produtor da fibra no país, diminuiu essa projeção para 12,3 milhões. Já a previsão atualizada é que o Brasil exporte 11,8 milhões de fardos, 550 mil a mais que o projetado anteriormente. Apesar do número norte-americano continuar superior, o relatório indica que essa projeção deve cair nas próximas reavaliações.
Em conversa com o Poder360, o diretor-executivo da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), Marcio Portocarrero, afirmou que será uma conquista muito significativa para a categoria de produtores e exportadores, pois chama a atenção para o trabalho intenso realizado nesse setor ao longo das últimas décadas.
Segundo Portocarrero, o país deve sim alcançar a liderança no mercado de exportação do material por conta dos problemas enfrentados nas produções norte-americanas. Na visão do executivo, essa liderança pode ser passageira caso os EUA retomem os antigos patamares de exportação, mas existe a expectativa no setor que o Brasil se consolide na 1ª colocação do ranking global a partir de 2030.
O diretor da Abrapa explicou que o Brasil destina 30% de sua produção para abastecer o mercado interno e que se não fosse por esse montante o país já seria o maior exportador do mundo. Ele afirmou que as últimas safras brasileiras têm sido excepcionais e caso os bons resultados continuem, será possível aumentar a produção nacional para abastecer toda a indústria nacional e exportar cada vez mais ao exterior.
“Nós temos condições e a nossa meta é que até 2030 a gente seja o maior exportador mundial, mas produzindo muito mais para gerar esse excedente que deixe a indústria brasileira abastecida”, disse Portocarrero.
Apesar de a conquista ter vindo antes do previsto em razão do retrocesso na colheita norte-americana, o resultado não surpreende quem acompanha o setor. Desde 1995, a produção brasileira de algodão cresceu 15 vezes, enquanto a norte-americana triplicou.
O diretor da Abrapa informou que o algodão nacional tem sido muito bem sucedido no exterior e conquistou um espaço considerável do mercado asiático. Atualmente, 70% das exportações brasileiras são para o continente asiático, com destaque para China, Índia, Vietnã e Turquia.
“A procura é grande, os negócios são fechados com uma antecedência grande. Para você ter ideia, a safra que ainda vamos plantar em dezembro e janeiro já está com mais de 40% comercializada. O mercado reconhece o algodão de qualidade feito no Brasil. Conquistamos essa credibilidade nesses 23 anos aí de retomada do cultivo”, afirmou Portocarrero.