AO VIVO: Lula assina MP contra tarifaço de Trump
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Fazenda apontou nesta sexta-feira que o impacto da anunciada tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, se efetivada, deve ser concentrado em alguns setores específicos e influenciar pouco a estimativa de crescimento em 2025, segundo boletim da Secretaria de Política Econômica (SPE).
Nesse ambiente, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, ainda avaliou em entrevista à imprensa que as incertezas comerciais produzidas pelo governo do presidente Donald Trump tendem a aprofundar a perda de poder do dólar frente a outras moedas, fator que ele classificou como decisivo para um arrefecimento da inflação.
Após uma tendência de queda desde o início do ano, o dólar reverteu o movimento e passou a subir com a nova onda da guerra tarifária de Trump nesta semana. Para Mello, no entanto, ainda é preciso observar como esse movimento irá se desenrolar.
"Tem tido uma pequena desvalorização do real nos últimos dias, mas nada, por enquanto, que altere de maneira significativa as nossas projeções. Temos que observar o que vai acontecer ao longo dos próximos dias e semanas", afirmou.
Nesta sexta, a Fazenda revisou para cima a previsão para o crescimento do país neste ano, passando a ver uma desaceleração apenas marginal em 2026 mesmo diante da política restritiva de juros do Banco Central.
No documento, que ainda não considerou efeitos potenciais do aumento das tarifas sobre o Brasil pelos EUA, a Fazenda elevou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2,5% neste ano, contra previsão de 2,4% feita em maio. Para 2026, a estimativa passou de 2,5% para 2,4%.
Em relação aos impactos das tarifas sobre a inflação, Mello disse ser cedo para uma avaliação precisa do efeito geral, mas argumentou que pode haver queda de preços em itens importantes de alimentação que hoje são muito exportados para os EUA e passariam a sofrer com uma tarifa "proibitiva", como carnes, pescados, café e suco de laranja.
Na avaliação setorial, o secretário disse que boa parte das vendas do Brasil aos EUA se referem a produtos básicos, o que facilita uma realocação das exportações para outros países.
Ele ponderou que empresas exportadoras de itens que envolvem maior tecnologia podem sofrer com as tarifas por haver maior dificuldade de realocação das vendas para outras regiões do mundo ou incorporação pelo mercado interno.
Para Mello, o Brasil se encontra no momento em uma posição mais favorável para enfrentar tarifas dos EUA do que em décadas anteriores por ter diversificado os destinos de suas exportações.
(Por Bernardo Caram)