Governo Lula enfrenta resistência para passar MP fiscal

Publicado 06.10.2025, 06:10
© Reuters Governo Lula enfrenta resistência para passar MP fiscal

Apresentada como alternativa ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a MP 1.303 de 2025 está em risco. A medida dará ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) R$ 10,6 bilhões, em 2025, e R$ 18,3 bilhões em 2026.

A votação já foi adiada 3 vezes. Está marcada novamente para a 3ª feira (7.out.2025) e o texto perde validade na 4ª feira (8.out). O Poder360 apurou que ainda não há acordo para aprovação da proposta.

O relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), ainda não apresentou o texto. Para conseguir a aprovação do projeto de lei de conversão, fez algumas concessões.

A principal delas foi aceitar manter a isenção do IR (Imposto de Renda) sobre investimentos de renda fixa, como LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e LCI (Letra de Crédito Imobiliário), para quebrar a oposição do agro à medida. Antes, buscava taxá-las em 7,5%.

AUMENTO DE IMPOSTO

Zarattini quer preservar estes itens:

  • elevar taxação sobre bets – a cobrança sobre o faturamento das empresas de apostas sobe de 12% para 18%. A arrecadação extra em 2025 é estimada em R$ 285 milhões. Em 2026, R$ 1,7 bilhão;
  • alta de IR dos juros sobre capital próprio – o Imposto de Renda retido na fonte em cima dos JCP (juros sobre capital próprio) passa de 15% para 20% a partir de 2026. A receita é estimada em R$ 5 bilhões. Há disposição do relator de limitar a alta a 17,5%;
  • limitar compensações tributárias – o governo quer vetar créditos tributários de PIS/Cofins sem relação com a atividade da empresa. Estima receita extra de R$ 10 bilhões em 2025 e o mesmo valor em 2026;
  • novo piso da CSLL para fintechs – aumenta de 9% para 15% a alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para fintechs. A receita extra é estimada em R$ 263 milhões em 2025 e em R$ 1,58 bilhão em 2026.

Um dos integrantes da comissão mista da MP, o deputado Zé Neto (PT-BA), disse que o momento “mais difícil” para o projeto foi na semana passada, mas que o relator teve “estratégia de se aproximar das frentes parlamentares” para assegurar a votação do texto.

O deputado Domingos Sávio (PL-MG), também integrante da comissão, afirmou que o partido é contra a MP e que o texto “deve caducar porque é aumento de imposto demais”. O congressista disse que deve conversar com Zarattini nesta 2ª feira (6.out).

O Poder360 procurou o deputado Zarattini para falar sobre o projeto. Não houve resposta.

RESPIRO AO GOVERNO

Lula precisa de dinheiro extra em 2026 para financiar o “pacote de bondades” eleitorais, incluindo programas como Gás do Povo e o Pé-de-Meia, voltado a estudantes do ensino médio. A frouxidão fiscal do governo impõe custo crescente de imagem e nas negociações com o Congresso.

O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que o governo atinja o centro da meta fiscal neste ano. Isso significa deficit zero. A estimativa mais recente é de deficit de R$ 30,2 bilhões, próximo ao limite da meta de R$ 31 bilhões. A MP poderá dar um alívio parcial, de R$ 10,6 bilhões.

A Corte de Contas é um órgão auxiliar do Legislativo. O que decide só afeta o governo com anuência dos congressistas. No entanto, poderá ficar mais caro contornar a eventual rejeição das contas pelo TCU.

RISCO

Ecio Costa, economista e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), avalia que a perspectiva de o governo cumprir a meta fiscal fica “mais complexa” se a MP perder validade.

Na avaliação do economista, a concentração de gastos no final do ano e decisões do governo que aumentam despesas dificultam a busca do equilíbrio nas contas públicas. “O que preocupa é que há, neste 2º semestre, um impulso fiscal considerável, com precatórios que estão sendo pagos e medidas que o governo quer anunciar. Algumas já foram anunciadas em preparação para 2026. A eleição já está na mesa e o governo, como sempre, gasta mais para isso“, declarou.

Segundo o economista, as contas do governo podem piorar também em razão do desempenho da atividade econômica. “Soma-se ao quadro uma economia desacelerando, que pode trazer a arrecadação menor por conta dessa atividade mais fraca“, afirmou.

Leia mais em Poder360

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.