Dólar tem leve alta com mercado atento a dados de inflação e geopolítica
Por Maria Carolina Marcello e Andre Romani
(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que deve telefonar para a China na próxima semana pedindo que o país compre US$1 bi em pés de frango, destravando transação que estava paralisada por conta da gripe aviária.
Em evento no Acre, Lula disse ainda que o governo trabalha para garantir que os exportadores não sofram prejuízos diante da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros que entram naquele país.
"Só para ter ideia. Essa semana que vem, sabe qual é a minha tarefa, governador? Ligar para China e pedir para a China comprar US$1 bilhão de pé de frango, que está parado por causa da crise da gripe aviária", disse Lula.
Lula disse à Reuters na quarta-feira que ligaria para os líderes dos países do Brics para uma reação às tarifas impostas pelo governo norte-americano. Na quinta-feira, ele conversou por telefone com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
Trump impôs uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, com níveis mais baixos para setores como aeronaves, energia e suco de laranja, vinculando a medida ao que ele chamou de "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, um aliado que é réu em um processo por tentativa de golpe de Estado para anular sua derrota nas eleições de 2022.
O plano de contingência do governo brasileiro para apoiar setores e empresas mais atingidos pelas tarifas deve ser anunciado por Lula até a próxima terça-feira, havia dito na quinta-feira o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
No discurso desta sexta-feira, Lula voltou a reclamar da atitude do ex-presidente e de seus filhos, citando especificamente a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto a autoridades dos Estados Unidos para que pressionem pela liberdade do pai e para que sancionem autoridades como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do caso da tentativa de golpe, entre outros.
Nesta sexta, Lula não citou nomes, mas referiu-se a Eduardo como um "moleque" e "traidor de 215 milhões de brasileiros", que, segundo o presidente, estaria nos EUA "pedindo para os americanos dar golpe neste país".
"O governo brasileiro não quer ser mais do que ninguém, mas não quer ser menos do que ninguém. O presidente dos Estados Unidos aprenda a respeitar a soberania desse país. Aprenda a respeitar a soberania e a autonomia do Poder Judiciário brasileiro", disse Lula.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello, em Brasília, e André Romani, em São Paulo)