O candidato à Presidência da Argentina, Javier Milei, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “não é apenas um socialista”, mas sim “alguém que tem vocação totalitária”. Declarações foram em entrevista à revista britânica The Economist.
Milei venceu as primárias argentinas, realizadas em 13 de agosto, e lidera as pesquisas eleitorais para o pleito de 22 de outubro. Se ganhar a eleição, o político de direita disse que não teria nada o que conversar com Lula e com o presidente do Chile, Gabriel Boric, a quem ele chamou de “comunista”.
Por outro lado, falou que “não teria nenhum problema em sentar com o [Luis] Lacalle Pou, não teria nenhum problema em sentar com o presidente do Paraguai, não teria nenhum problema em sentar com o presidente do Equador, com o [Guillermo] Lasso. Eu não teria nenhum problema em me sentar com o presidente dos Estados Unidos [Joe Biden], obviamente”.
Há o temor de que o candidato da coligação “La Libertad Avanza”, se assumir a Casa Rosada, tente tirar a Argentina do Mercosul. O movimento, porém, foi negado pela economista Diana Mondino, que possivelmente comandará o Ministério das Relações Exteriores em caso de vitória de Milei. Em entrevista ao Globo, ela disse que a ideia é modernizar o Mercosul, não abandoná-lo.
Quando questionado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem costuma ser associado, Milei afirmou que o ex-chefe do Executivo “travou uma luta digna contra o socialismo”. Ele também disse ter dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro, sugerindo que as eleições foram fraudadas. “Existem alguns comportamentos eleitorais que são anômalos”, justificou.
Algo parecido teria acontecido nas primárias argentinas deste ano, segundo Milei. “Temos estudos que mostram que nessas eleições [primárias] fomos roubados de 5% [dos votos]”, afirmou. “O que temos que fazer é melhorar os mecanismos de auditoria.”
Também de acordo com o candidato, os atos extremistas do 8 de Janeiro foram organizados pelo próprio governo Lula.
QUEM É MILEI
Javier Gerardo Milei tem 52 anos, é formado em economia e liderou com 30,4% dos votos a eleição primária de 13 de agosto de 2023 na disputa pela Presidência da Argentina. Ele está à direita no espectro político ideológico, com ideias liberais na economia. Defende fechar o Banco Central do país, acabar com o peso e usar o dólar dos EUA como moeda local.
O candidato concorre à Casa Rosada pela coalizão “La Libertad Avanza” (em português, A Liberdade Avança). Milei se autodefine como “anarcocapitalista” e “libertário” –é contra a interferência do Estado na sociedade e a favor do sistema de livre mercado. Diz que seu programa será uma “motosserra” para cortar gastos públicos. Afirma que o aquecimento global é uma mentira, é a favor da venda de órgãos e defende o sistema de educação não obrigatório e privado.