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Moraes compartilha investigação sobre golpe com inquéritos das milícias digitais e das fake news

Publicado 28.11.2024, 13:20
© Reuters. Ministro do STF Alexandre de Moraesn27/11/2024nREUTERS/Adriano Machado

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes aceitou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para compartilhar as investigações do inquérito da tentativa de golpe de Estado com os inquéritos das fake news e o das milícias digitais.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu ao STF que, após a apresentação do relatório final das apurações sobre o golpe de Estado, seria recomendável o compartilhamento desse caso com os outros dois inquéritos.

Para Gonet, a iniciativa visa possibilitar "um juízo adicional e mais abrangente sobre os fatos investigados, uma vez que as condutas apontadas foram praticadas em contexto similar”.

Em sua decisão, Moraes disse que o compartilhamento da apuração do golpe é de "absoluta pertinência" para as duas investigações. Ele citou que, no relatório final, era apontada a existência de núcleos que tinham por objetivo disseminar uma narrativa de fraude nas eleições, mesmo antes da votação, com o objetivo de legitimar a intervenção das Forças Armadas na eventual derrubada do governo legitimamente eleito.

O ministro do STF disse que isso indica uma dinâmica de "verdadeira milícia digital", também à semelhança do que está em investigação no inquérito das fake news que apura o envolvimento do chamado gabinete do ódio. Esse grupo de pessoas, segundo as investigações, usaria a estrutura do Estado para espalhar notícias falsas do processo eleitoral e atacar adversários do governo do então presidente Jair Bolsonaro.

© Reuters. Ministro do STF Alexandre de Moraes
27/11/2024
REUTERS/Adriano Machado

O inquérito das fake news foi aberto em 2019, com o objetivo inicial de investigar ataques a ministros do Supremo, e o das milícias digitais, iniciado em 2021, apura a existência de um grupo de pessoas com o objetivo de estimular em ambiente virtual práticas antidemocráticas e seu financiamento.

Na prática, a decisão do Supremo, após pedido da PGR, vai na linha de que o procurador-geral pretende ter uma visão mais ampla de todas as investigações que envolvem direta ou indiretamente Bolsonaro, segundo a Reuters mostrou em reportagem na semana passada.

Gonet discute com sua equipe se eventualmente vai oferecer uma única denúncia sobre três inquéritos que atingem o ex-presidente -- o da fraude das vacinas, o das joias que teriam sido apropriadas e o da tentativa de golpe. Ele também pode decidir pedir novas diligências ou arquivar os casos se considerar que não há elementos para fazê-lo.

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