Preços de hotéis levam países a considerarem não comparecer à COP30 em Belém

Publicado 03.10.2025, 12:08
© Reuters.

Por Kate Abnett

BRUXELAS (Reuters) - Dezenas de países ainda não garantiram acomodações para a cúpula climática COP30, que será realizada no mês que vem no Brasil, e alguns delegados estão considerando a possibilidade de não comparecer, uma vez que a escassez de hotéis elevou drasticamente os preços.

Pequenos países insulares na linha de frente do combate ao aumento do nível do mar estão sendo confrontados com a necessidade de reduzir o tamanho das delegações que irão enviar a Belém, enquanto duas nações europeias disseram que estão pensando em não comparecer.

Os organizadores da COP30 estão correndo para converter motéis, navios de cruzeiro e até igrejas em alojamentos para os 45.000 delegados previstos.

O Brasil optou por realizar as negociações do clima em Belém, que normalmente tem 18.000 leitos de hotel disponíveis, na esperança de que sua localização na borda da floresta amazônica chame a atenção para a ameaça que a mudança climática representa para esse ecossistema e seu papel na absorção dos gases causadores do aquecimento climático.

O ministro do Clima da Letônia, Kaspars Melnis, disse à Reuters que o país perguntou se seus negociadores poderiam participar por videochamada.

"Basicamente, já tomamos a decisão de que é muito caro para nós", disse Melnis. "É a primeira vez que é tão caro. Temos uma responsabilidade com o orçamento de nosso país."

Um segundo país do leste europeu, a Lituânia, também disse que pode ficar de fora depois de receber cotações de preços de acomodação superiores a US$500 por pessoa e por noite.

Um porta-voz do Ministério da Energia da Lituânia, que cuida dos assuntos climáticos, disse que a legitimidade e a qualidade das negociações seriam prejudicadas se os governos não pudessem comparecer por causa dos custos.

Um porta-voz da presidência brasileira da COP30 disse que a decisão é de cada governo.

Dias depois de o Brasil ter aberto uma plataforma online de reservas no início de agosto, o site apresentava tarifas de US$360 a US$4.400 por noite. Nesta semana, os preços começavam em US$150 por noite, segundo a plataforma.

O país anfitrião rejeitou os pedidos para transferir a cúpula e disse que forneceria 15 quartos com preços abaixo de US$220 por dia para cada delegação de país em desenvolvimento e abaixo de US$600 para cada delegação de nação rica. A Organização das Nações Unidas (ONU) também aumentou seu subsídio para ajudar os países de baixa renda a participarem.

Em visita a Belém nesta sexta-feira para acompanhar os preparativos para a COP, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que faltarão acomodações para os participantes da conferência climática e disse não temer o esvaziamento do evento devido aos altos preços de hospedagem na capital paraense.

"Tem quarto para todo mundo. O povo do Pará está sendo extraordinário, as pessoas estão saindo das suas casas e alugando as casas para quem quiser vir aqui. Não vai faltar quarto, não vai faltar cama, não vai faltar carinho, não vai faltar comida", disse Lula em entrevista à TV Liberal, do Pará.

 

AÇÃO CLIMÁTICA SOB AMEAÇA

A menos de seis semanas da COP30, 81 países continuam em negociações sobre quartos de hotel, enquanto 87 países já reservaram acomodações, de acordo com a presidência brasileira da COP30.

Evans Njewa, presidente do grupo dos Países Menos Desenvolvidos, que representa as nações mais pobres do mundo nas negociações climáticas da ONU, disse que ainda estava avaliando os planos de participação dos países.

"Estamos recebendo um grande volume de manifestações de preocupação... e inúmeras solicitações de apoio", disse Njewa à Reuters. "Lamentavelmente, nossa capacidade é limitada, o que pode afetar o tamanho das delegações."

A COP deste ano ocorre depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, procurou liderar um afastamento de seu país da ação climática e com as prioridades da Europa mudando, à medida que as economias enfrentam dificuldades.

Ilana Seid, presidente da Aliança de Pequenos Estados Insulares, disse que a falta de acomodações a preços acessíveis colocou seus membros em uma "grave desvantagem". Os pequenos países insulares usaram as COPs anteriores para garantir mais financiamento para se adaptarem às mudanças climáticas.

Delegações menores deixariam as nações insulares "sem o conhecimento necessário para participar efetivamente das negociações que decidem nosso futuro", disse Seid.

(Reportagem de Kate Abnett, em Bruxelas; reportagem adicional de Jason Hovet, Luiza Ilie e Manuela Andreoni)

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